O município de Vinhais elaborou um documento em forma de memorando, onde apresenta o que o setor da castanha representa para o concelho e para os produtores. No documento são elencadas várias medidas que a autarquia exige ao Governo “para minimizar as consequências nefastas da fraca produção que se verifica neste ano de 2023”, sublinha a autarquia.

O documento foi entregue a Isabel Ferreira, secretária de estado do Desenvolvimento Regional, na passada sexta-feira, aquando da cerimónia de inauguração da Rural Castanea-Festa da Castanha de Vinhais. No mesmo evento, mas no dia de ontem, 22 de outubro, o mesmo documento foi entregue a António Costa Silva, ministro da Economia e do Mar, e será ainda entregue a Maria do Céu Antunes, Ministra da Agricultura, na pessoa do diretor regional adjunto.

Se a expetativa era de um bom ano para a produção de castanha, a colheita do fruto fez o cenário ser alterado e para pior. No concelho de Vinhais, à semelhança de todo o nordeste transmontano, preveem-se quebras de produção na ordem dos 80%, podendo em alguns casos chegar aos 100%.

O caderno reivindicativo descreve a situação que se verifica no setor da castanha, com números e fotografias daquela que é a realidade no concelho transmontano. No documento a autarquia, em nome de todas as entidades ligadas ao setor e todos os presidentes das juntas e uniões de freguesia são pedidas medidas de compensação aos produtores, como pagamento atempado dos subsídios e a reposição do potencial produtivo ou a isenção de pagamentos à Segurança Social, ou redução do valor a pagar.

Na mesma lista, é pedido, por exemplo, a criação de uma medida equivalente à “Medida de Compensação – Atividade Agrícola e Pecuária”, atribuída pelo IFAP, com a atribuição de um valor compensatório por hectare de castanheiro e mais agilidade por parte dos seguros e aumento do valor financiado pelo IFAP, sendo que, esta medida beneficiará apenas os produtores que fizeram candidatura ao Pedido Único.
Ao Ministério da Agricultura éexigida ainda uma investigação e combate às causas que estiveram na origem dos fenómenos climáticos, como as temperaturas muito altas para a época do ano, com noites de muitos orvalhos, ocorridas no final de setembro e início de outubro.

“Estas condições potenciaram o desenvolvimento de fungos, situação coincidente com os relatos sobre a existência de “septoriose” em concelhos vizinhos”, explica a autarquia. No entanto, a existência desta situação e o seu grau de dispersão deve ser analisado/confirmados pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN).

Além desta presumível ocorrência, as referidas temperaturas altas, “podem ter originado um “golpe de calor”, esta situação acontece quando as plantas não conseguem compensar a evapotranspiração com a disponibilidade hídrica do solo, tendo este facto coincidido com o momento em que os castanheiros se encontravam a transferir para os frutos os nutrientes necessários para estes se desenvolverem (fase final da maturação)”, refere.

Jornalista: Rita Teixeira
Foto: Arquivo/Canal N

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