Os três vereadores do PSD abandonaram a última reunião da câmara de Mirandela antes da discussão dos pontos da ordem de trabalhos por entenderem que em hora e meia seria impossível “votar em consciência” mais de duas dezenas de itens com mais de mil páginas para analisar.
“Desde o início de funções temos vindo a solicitar balancetes das contas, e nunca forneceram aos vereadores da oposição, em total desrespeito pelas funções que a oposição exerce e dos eleitores que representam, constituindo uma grave lesão dos valores democráticos de participação e de escrutínio dos vereadores da oposição nas decisões de Câmara. Ao invés, parece fazer querer a Sra. Presidente e a sua equipa, a passagem de um cheque em branco para validação de aspetos graves, tais como, o aumento exponencial da dívida que passou de 9 milhões de euros para cerca de 13 milhões de euros, o que significa um aumento de cerca de 45%.”, refere.
“Não poderíamos proceder à votação e aprovação de algo com tão elevada complexidade porque, no tempo que lhes é dado para análise dos documentos fornecidos, é humanamente impossível analisar cerca de 1000 páginas de relatórios, contas, pareceres, e também não seria possível fornecer aos vereadores da oposição os elementos necessários à validação e assinatura de tais documentos.”
São as razões invocadas por Duarte Travanca para abandonar a reunião de câmara como forma de repúdio e de protesto relativamente a este tipo de comportamento que classifica de antidemocrático.
Um dos pontos em agenda era a questão da demolição do prédio do Canal. Também aqui, Duarte Travanca entende que o procedimento da presidente da câmara não foi correto para com os vereadores da oposição. “Fomos surpreendidos com uma notificação do tribunal a dar-nos conta que o tribunal questionando a senhora presidente porque razão nos 180 dias que lhe deu para legalizar o assunto, ela não fez nada e comunicou ao tribunal que a responsabilidade seria de todos os vereadores, incluindo nós, apesar de nunca nos ter comunicado como estava este processo e fomos surpreendidos com esta notificação do tribunal”, adianta.
São as críticas de Duarte Travanca, vereador da oposição na câmara de Mirandela, depois do abandono da reunião do executivo tal como os restantes dois vereadores: Francisco Clemente e Nélia Pinheiro.
Jornalista: Fernando Pires