O processo de consulta pública para a inscrição das Danças Rituais dos Pauliteiros no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial já começou, representando um marco na preservação desta tradição ancestral.
O Instituto do Património Cultural publicou ontem, em Diário da República, o início do processo de consulta pública para a inscrição das “Danças Rituais dos Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro”. O diploma, datado de 12 de dezembro e assinado pelo presidente do instituto, João Soalheiro, define que a decisão sobre esta prática cultural será tomada num prazo máximo de 120 dias.
A candidatura foi submetida pelo município de Miranda do Douro a 10 de julho de 2023, com o objetivo de preservar e valorizar esta herança histórica. Caso o reconhecimento nacional seja confirmado, poderá abrir caminho a uma candidatura à UNESCO, fortalecendo o alcance e a visibilidade desta tradição.
Os Pauliteiros, que têm raízes nas aldeias do concelho de Miranda do Douro, são grupos compostos por de dançarinos e três músicos, sendo tradicionalmente compostos por homens. No entanto, os tempos modernos já deram origem a formações de pauliteiras, demonstrando a adaptação da tradição às mudanças sociais.
A Associação Caramonico, uma das entidades envolvidas, destacou importância deste momento. “Ver os Pauliteiros em consulta pública é um grande orgulho”, sublinhou María Buendia, presidente da associação, assumindo que este passo significa “o reconhecimento e a valorização” de uma tradição que atravessou gerações.
A associação reforçou ainda que esta candidatura representa mais do que um simples ato formal. “É o testemunho de que esta herança vai ser preservada e protegida para o futuro, especialmente em tempos como estes de diminuição populacional”, afirmou, acrescentando que a preservação das tradições culturais “é vital para garantir que a nossa identidade não desapareça”.
Com as suas origens envoltas em debate, as danças dos Pauliteiros têm sido associadas tanto a influências da Idade do Ferro como a danças guerreiras gregas e adaptações culturais medievais. Independentemente da origem exata, a candidatura reflete a relevância histórica e simbólica desta prática para a cultura mirandesa e nacional.
Jornalista: Lara Torrado