A ULS do Tâmega e Sousa despediu 35 enfermeiros e pondera contratá-los por via de estágios profissionais após ter terminado o contrato de seis meses, não renovável, que assinaram no final de setembro. O Sindicato dos Enfermeiros – SE denuncia esta prática que não é nova, nem exclusiva desta unidade.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Pedro Costa alerta que, segundo as informações recolhidas juntos de enfermeiros, a Unidade Local de Saúde estará a ponderar “voltar a contratar estes enfermeiros, mas agora por via do Centro de Emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), para estágios profissionais nos casos possíveis, por ficarem muito mais baratos à instituição”.

De acordo com a entidade de intervenção, já na altura da contratação destes 35 enfermeiros foi denunciada a situação. “Foram chamados para decidir em seis horas apenas se aceitavam ou não a proposta de contrato”, lembra, e frisa que “ficou logo estipulado que o contrato não seria renovável, uma vez que a contratação era apenas para seis meses, para assegurar o reforço de equipa durante o inverno”. “Temos colegas que nos confessaram que, logo no início, foi-lhes dito por responsáveis da unidade que se tivessem outra proposta melhor que não hesitassem em mudar”, adianta, em comunicado enviado à redação do Canal N, o presidente do SE.

Na mesma nota de imprensa, Pedro Costa salienta que “este é mais um dos muitos estratagemas utilizados pelos serviços de Saúde para contratarem pessoal, a baixo custo para a unidade e, assim, procurarem assegurar que conseguem cumprir um mínimo das escalas de serviço e das dotações seguras emanadas pela Ordem dos Enfermeiros”.

Consoante o cenário laboral em torno destes 35 enfermeiros, a instituição adiantou, ainda, que atualmente muitos destes colegas estão a fazer integração de outros que vão ser admitidos agora, mas com contratos de substituição por 18 meses.

Para o Sindicato dos Enfermeiros a situação revela-se mais um dos muitos exemplos de como a enfermagem “tem vindo sucessivamente a ser desvalorizada “. “Falamos de uma profissão na qual os profissionais que estão a iniciar a carreira, ao fim do mês, levam para casa um salário líquido pouco superior ao salário mínimo nacional, por exemplo” e, por isso, sustenta que “não surpreende que todos os anos cerca de 50% dos enfermeiros formados em Portugal prefira emigrar a ficar a trabalhar no nosso país com estas condições”.

O presidente do SE recorda que a estrutura, em conjuntura com os sindicatos que assinaram o Memorando de Entendimento, não desistem de reunir com a nova ministra da Saúde, “ainda na sexta-feira passada reforçamos o pedido urgente de reunião”.

Já foram iniciadas as negociações para uma nova tabela salarial do Serviço Nacional de Saúde, a equiparação da carreira especial de enfermagem a outras carreiras especiais da Administração Pública, a revisão da carreira de enfermagem, de modo a refletir o desenvolvimento profissional das competências e da profissão.

“Somos a única classe na saúde, apesar de sermos a maior, que não tem um ACT e, também provavelmente por causa disso, estamos mais sujeitos a situações como esta da ULS do Tâmega e Sousa”, salienta o presidente do Sindicato dos Enfermeiros.

Por: Jenniffer Almeida

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