Começou, esta manhã, no tribunal de Bragança, o julgamento de três arguidos suspeitos de pertencer a uma rede de tráfico de droga, com epicentro em Mirandela, que se dedicava à plantação, preparação e venda de canábis a consumidores dos distritos de Bragança, Vila Real, Aveiro e Porto.

Um dos arguidos, Mário Alberto Valbom, de 70 anos de idade, antigo proprietário de um talho, em Mirandela, e em prisão preventiva, há 16 meses, está acusado do crime de tráfico de estupefacientes agravado, e dois de detenção de arma proibida, enquanto Marco Teixeira Pires, pintor da construção civil de Mirandela, com 46 anos, e Michael Pereira, um empresário de Aveiro, de 40 anos, que seriam revendedores, são acusados do crime de tráfico de droga. Ambos aguardaram o julgamento em liberdade.

Segundo a acusação do Ministério Público, o reformado de Mirandela, como tinha uma quinta grande e situada num local ermo dos arredores de Mirandela, “começou a dedicar-se ao cultivo e venda de canábis, pelo menos desde 2018, tornando-se um abastecedor do mercado de estupefacientes de Trás-os-Montes, mas também do Norte e ainda de Espanha e Suíça”.

Na quinta “possuía vários armazéns e algumas estufas onde tinha as plantas de canábis em bidões de plástico. Neste local, possuía ainda todos os utensílios utilizados nos cultivo e preparação da droga para consumo final, como balanças, sacos de embalamento, máquinas de vácuo, ventoinhas, facas e moinhos”, diz a acusação.

Quando atingiam a maturação, as plantas “eram colhidas, postas a secar e acondicionadas em sacos selados de 100 ou 250 gramas, para depois serem vendidas”, garante a acusação, que acredita que, ao longo dos anos, o reformado terá lucrado mais de 65 mil euros com o tráfico.

O Ministério Público requereu mesmo o arresto de um apartamento do reformado, situado em Mirandela, para garantir que o pagamento da perda de vantagem de 65 mil euros, caso o arguido venha a ser condenado.

Refira-se que o MP pediu que as testemunhas que são consumidoras de droga possam depor em julgamento sem a presença dos arguidos, alegando ser uma forma de “garantir a prestação de um depoimento livre e consonante com a verdade”.

Recorde-se que na operação da GNR de Mirandela, em outubro de 2022, que contou com a intervenção de militares de várias valências, foram apreendidos 27 quilos de canábis, o equivalente a cerca de 11 mil doses individuais, oito armas de fogo, quatro armas brancas, cerca de 2600 euros em dinheiro, 105 euros em notas falsas, duas viaturas, duas câmaras de vigilância e diversos objetos e produtos para produzir, preparar e acondicionar canábis.

Jornalista: Fernando Pires

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