Dois meses depois, continua por desvendar a misteriosa morte de Cláudio Nascimento, resgatado das águas do rio Tua com um tiro na cabeça.
Os pais de Cláudio Nascimento, o homem de 32 anos que, no passado dia 29 de novembro, foi resgatado, sem vida, do rio Tua, próximo da aldeia de Valverde da Gestosa, em Mirandela, depois de ter sido atingido na zona da cabeça com um tiro disparado por uma arma caçadeira, quando estava à pesca, estão revoltados com o silêncio das autoridades sobre o caso. “Já há dois meses que isto aconteceu e não nos dizem nada. Não sabemos o resultado da autópsia, não sabemos se morreu logo se ainda estava vivo quando foi para o rio. É uma dor grande”, confessa Maria José, a mãe da vítima, sem conter as lágrimas. “Sempre viveu connosco. Lá ia de vez em quando com o pai às campanhas e ganhava algumas jeiras por aqui. Era muito bom rapaz”, suspira.
Este silêncio também está a ter reflexos nos habitantes da pequena aldeia. “Noto que as pessoas estão em sobressalto, com medo e com receio no dia-a-dia, desconfiadas e ansiosas por notícias”, conta o presidente da União de Freguesias de Barcel, Marmelos e Valverde da Gestosa. “A família está destruída psicologicamente. Isto causa um sofrimento enorme e ainda por cima não sabem que tirou a vida ao filho”, acrescenta Luís Esteves.
A revolta com a falta de respostas para o que aconteceu naquele dia, também é evidente nos amigos de Cláudio. “O silêncio está a matar por dentro os pais e os amigos. Isto não pode ser esquecido. Espero que a PJ descubra quem fez isto”, refere Cátia Alves, que esteve com a vítima, no café da aldeia, horas antes da tragédia. “Disse-lhe para ir para casa e não ir à pesca. Quando me ligaram a dar a notícia nem queria acreditar”, adianta. “É uma enorme revolta porque ele não merecia o fim que teve e não há notícias. Foi injusto.”, diz Micael Afonso, outro amigo.
Morte misteriosa
Não são ainda conhecidas as circunstâncias em que ocorreu a morte de Cláudio Nascimento. Sabe-se apenas que nessa tarde, do dia 29 de novembro, a vítima foi à pesca, como era habitual, no local, conhecido como a zona da “fraga velha”, a mais de dois quilómetros da aldeia. “Nunca mais dava notícias nem aparecia, fui saber dele àquele sítio, estava lá a mochila, a cana de pesca e o chapéu e muito sangue espalhado”, recorda o pai, Sérgio Nascimento.
Foram acionados os bombeiros e os militares da GNR e o corpo foi resgatado da água do rio Tua, já na madrugada do dia seguinte. Ao que apuramos, Cláudio terá sido atingido na zona da cabeça com um tiro disparado por uma arma de grande porte, provavelmente uma caçadeira.
O pai que revela ter ouvido um tiro. “Ouvi um disparo por volta das 4 da tarde, mas longe de mim esperar que fosse esta tragédia”, conta Sérgio Nascimento que não encontra explicações para esta morte. “Ele não tinha inimigos”, diz.
Micael Afonso, 25 anos, amigo.
“Parece que o caso caiu no esquecimento. Era um bom amigo e não se metia com ninguém, era muito pacato não andava metido em conflitos, não se percebe”.
Cátia Alves, 38 anos, amiga.
“O silêncio está a matar por dentro os pais e os amigos. Espero bem que a PJ descubra quem fez isto. O Cláudio merece justiça tal como os pais.”
Dalila Borges, 19 anos, amiga.
“Era um rapaz cinco estrelas, não merecia. Temos de saber o que aconteceu para nos acalmar porque este vazio está a custar a todos.”
Jornalista: Fernando Pires