Os “Factos vistos à Lupa” por André Pinção Lucas e Juliano Ventura – Uma parceria do Canal N com o Instituto +Liberdade
A guerra comercial internacional tem escalado e já chegou à União Europeia, após a anúncio de tarifas aduaneiras por Donald Trump, Presidente dos EUA, aos produtos provenientes da UE. As relações comerciais entre a UE e os Estados Unidos são fundamentais para a economia europeia, mas nem todos os Estados membros dependem igualmente deste parceiro externo.
De acordo com dados do Eurostat, em 2023, a Irlanda foi o país da UE mais dependente das exportações de bens para os EUA, representando 10,1% do seu PIB — um valor muito acima dos restantes países. Seguem-se Bélgica (5,6%) e Eslováquia (4,0%).
Portugal apresenta uma exposição mediana, com as exportações de bens para os EUA a representarem 2,0% do PIB, sendo a 13.ª maior percentagem entre os 27 Estados membros da UE. No fundo da tabela surgem países como Chipre, Malta, Luxemburgo, Roménia, Croácia e Grécia, onde o peso das exportações de bens para os EUA é inferior a 1% do PIB.

Estas diferenças têm implicações importantes em tempos de instabilidade global ou alterações nas políticas comerciais dos EUA, como acontece atualmente com o regresso de Donald Trump à presidência americana e a imposição de tarifas aduaneiras. Países mais expostos podem sentir impactos económicos mais diretos das tarifas aduaneiras.
O nível de incerteza nas políticas económicas está em valores historicamente elevados tanto nos EUA como na Europa. O Economic Policy Uncertainty Index, que mede a incerteza com base nas notícias dos principais jornais, tem registado picos significativos nos últimos anos, em virtude da pandemia, da guerra na Ucrânia, do contexto geopolítico e, mais recentemente, da governação de Trump (sobretudo devido à sua política comercial).
O contexto geopolítico atual é um dos mais tensos dos últimos anos e representa um enorme desafio para a Europa, em particular para a União Europeia. Tempos difíceis avizinham-se.