A concelhia do PSD de Mirandela vai propor à direção nacional do partido liderado por Luís Montenegro que insira no seu programa eleitoral das próximas legislativas, de 10 de março, a proposta de um corredor transmontano de ligação de alta velocidade entre o Porto e Madrid, em Espanha, com várias estações e apeadeiros nos distritos de Vila Real e Bragança, para incluir no plano nacional ferroviário, tal como sugere o estudo da Associação Vale D’Ouro.
Nuno Magalhães, líder do PSD Mirandela, entende que esta é a melhor solução para a região caminhar, finalmente, no trilho do desenvolvimento. “Temos de exigir que haja efetivamente aqui uma linha ferroviária que faça a ligação ao resto da Europa, porque nós olhamos para o Plano Nacional Ferroviário e aquilo que vemos não é de todo satisfatório, além de que só em 2050 é que estaríamos a falar da conclusão dos investimentos previstos para a nossa região e quando se chuta estes assuntos para tão longe, já sabemos perfeitamente que não há uma intenção de se cumprir e mais uma vez a região seria abandonada”, refere.
Por isso mesmo, o líder dos laranjas de Mirandela justifica a realização do jantar debate “As carruagens do desenvolvimento: a ferrovia em Trás-os-Montes”, promovido pela concelhia no âmbito da iniciativa Pensar Global, Governar Local. “Quisemos trazer este debate para esta consciencialização, para que consigamos também levar agora neste período que se aproxima de campanha eleitoral e que isto seja incluído efetivamente nos programas eleitorais dos partidos e no nosso caso do PSD”, afirma.
Nesta iniciativa marcou presença o presidente da Associação Vale D’Ouro que fez questão de esclarecer que a linha de alta velocidade que defende venha a passar em Trás-os-Montes não implica que não existam outras tipologias de comboios a circular na mesma linha. “Nós aproveitamos o facto de terem que existir algumas infraestruturas técnicas ao longo da linha para cruzamento de comboios, e para a ultrapassagem de comboios, que tradicionalmente não estão afetas a serviço de passageiros e acreditamos que no caso concreto de Trás-os-Montes, uma vez que esses pontos ficariam junto de alguns aglomerados, como por exemplo Alijó, Podence, em Macedo de Cavaleiros e Terras de Miranda, poderiam ser aproveitados para construir lá apeadeiros, estações eventualmente até de menor dimensão, mas que fizessem esse serviço de passageiros, porque um comboio de alta velocidade não tem necessariamente que ser do Porto a Madrid sem paragens, pode haver comboios com vários tipos, tipologias que façam viagens mais curtas e com paragens, e mesmo com isso conseguimos garantir tempos de viagens interessantes”, sustenta.
Luís Almeida não tem dúvidas de que este estudo vem alterar o paradigma de como se olha para o território, “desmistificando a impossibilidade de construção de uma diagonal ferroviária em Trás-os-Montes, evidenciando a viabilidade técnica de construção de uma linha de alta velocidade de tráfego misto, a qual permitirá devolver à região um caminho-de-ferro moderno, invertendo-se uma dependência exclusiva do transporte rodoviário para a mobilidade de pessoas e bens”.
Luís Almeida diz que esta é a última oportunidade de Trás-os-Montes entrar na rota do desenvolvimento, dado que o que se prevê ao nível do Plano Nacional Ferroviário é apenas uma espécie de linha regional que termina em Bragança, e com poucos ganhos ao nível dos tempos de viagem. “Será uma linha regional que inicia em Caíde, termina em Bragança, tem uma ligação que não se percebe muito bem com que características até à fronteira espanhola, numa zona que poderá ter problemas ambientais por causa do Parque de Montezinho, mas o próprio facto dela começar na linha de Douro em Caíde significa que acrescenta logo 40 minutos de viagem à partida”, pelo que para Luís Almeida, “Isto por si só é um argumento que faz com que a viagem global do Porto a Bragança na proposta do Plano Ferroviário Nacional vá ter um tempo de viagem muito provavelmente superior àquele que consegue fazer o transporte coletivo de passageiros, o autocarro e mesmo o transporte individual”, conclui.
Ora, para o Presidente da Associação Vale D’Ouro, se esses tempos de viagem não forem apelativos, “será um investimento deitado fora”.
Luís Almeida acredita que será possível incluir no plano nacional ferroviário, este corredor transmontano na ligação de alta velocidade entre o Porto e Madrid e diz estar na hora de envolver todos os atores da região transmontana nesta discussão de forma a pressionar o próximo Governo a avançar com este projeto.
Nesta iniciativa do PSD de Mirandela também marcaram presença Jorge Nunes – autor do livro “Ferrovia em Trás-os-Montes: Memória do passado, luta do presente) – e Alberto Aroso, especialista em Transportes e Vias de Comunicação e Ferroviário.
Jornalista: Fernando Pires