Desenvolvido pela Palombar, o “Soil@INT- Solos do interior: monitorizar para mitigar os efeitos das alterações climáticas” é um projeto que visa desenvolver uma rede de monitorização da saúde do solo de forma a aumentar a resiliência climática dos recursos naturais.

No âmbito deste projeto, “será desenvolvida uma rede de monitorização da saúde do solo do interior do país, assente na integração de dados de deteção remota e indicadores ecológicos in situ, com vista a produzir modelos que facilitem a criação de rotinas de monitorização do solo a diferentes escalas espácio-temporais. É também um propósito central dotar a área de intervenção de ferramentas para maximizar os serviços de ecossistemas e a resiliência climática do seu capital natural” refere a Palombar em comunicado enviado à redação do Canal N.

“O projeto Soil@INT surge numa perspetiva de continuidade, tendo a ideia sido amadurecida através dos vários projetos em curso no Vale do Côa, envolvendo a coordenação de membros de diferentes grupos da Universidade de Aveiro/CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar. A experiência de campo permitiu identificar um dos problemas estruturais reconhecidos no território, que poderá influenciar as principais atividades agrícolas e florestais e o capital natural da região: a perda de funções básicas do solo devido à desertificação e o aumento, atual e futuro, da aridez no Vale do Côa”, refere Rita Tinoco Torres da Universidade de Aveiro, responsável pelo projeto.

O projeto está assente em dois pilares centrais de ação. O primeiro é o desenvolvimento e implementação de um sistema de monitorização ambiental sólido, inovador, acessível e espacialmente delimitado. Já o segundo, consiste no fomento da literacia sobre os solos, sobre o seu funcionamento e importância para a região, através da sensibilização, qualificação e capacitação de agentes locais e população em geral.

Com o primeiro, “pretende-se gerar conhecimento científico regional acerca do funcionamento dos ecossistemas do solo a diferentes escalas, através da integração de indicadores ecológicos robustos e tecnologias de deteção remota e inteligência artificial. Já com o segundo, o propósito é dotar os territórios de ferramentas passíveis de, autonomamente, valorizar o capital natural e os recursos endógenos a médio/longo prazo” refere a mesma nota de imprensa.

Este projeto tem como área de intervenção o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo (caso de estudo), mas também se pretende implementar nos concelhos de Alfândega da Fé, Almeida, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Pinhel e Sabugal.

Uma das ações do projeto é a iniciativa de Ciência Cidadã “Teste o seu solo gratuitamente”, a cargo da Palombar, que visa promover a literacia da população sobre a importância do solo, com foco nas escolas e agricultores. Esta iniciativa permite avaliar as taxas de decomposição do solo, um processo chave nos ecossistemas, de forma simples e com baixo custo.

“Este projeto vai gerar um conjunto de dados valiosos para colmatar a falta de informação sobre o estado atual dos solos no interior, o que permitirá prever com maior eficácia os impactos negativos das alterações climáticas no território e delinear estratégias de mitigação que beneficiem os sistemas socioecológicos, ou seja, as comunidades locais e os ecossistemas e a biodiversidade”, destaca José Pereira, presidente da Palombar.

A combinação de abordagens transdisciplinares e multi-ator, com forte participação dos atores-chave locais, dotará, assim, a região alvo do projeto de ferramentas para maximizar os serviços de ecossistemas e a resiliência do seu capital natural às alterações climáticas.

O projeto é coordenado pela Universidade de Aveiro e realizado em parceria com a Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, o Laboratório Nacional de Energia e Geologia, a Faia Brava – Associação de Conservação da Natureza e o Município de Figueira de Castelo Rodrigo. Tem financiamento do BPI – Fundação “la Caixa”, concretamente do programa PROMOVE, destinado à dinamização das regiões do interior de Portugal, em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, e será implementado no período 2023-2026.

Jornalista: Lara Torrado

Foto: Palombar

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