Unidade Local de Saúde do Nordeste (ULSNE) alega que os constrangimentos motivados pela pandemia da Covid-19 levaram ao adiamento da implementação deste programa no distrito de Bragança, cuja candidatura já foi aprovada em dezembro de 2019.

Cerca de 700 utentes do distrito de Bragança que sofrem de doença pulmonar obstrutiva crónica estão sem os cuidados de saúde que lhes deviam ser prestados.

Em 2019, foi aprovada uma candidatura à Fundação EDP, no valor de 175 mil euros, para um projeto de Reabilitação Respiratória em utentes com DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica) para desenvolver em todo o distrito de Bragança.

O projeto que teve a parceria do Instituto Politécnico de Bragança e da própria ULSNE para a elaboração da candidatura, financiado em 120 mil euros pela Fundação EDP, devia ter sido implementado em 2020, para a ULSNE equipar todos os centros de saúde do distrito e ainda para a aquisição de duas viaturas. 

Mas, até agora ainda não foi implementado e existe o receio de que o financiamento venha a perder-se e que estes utentes fiquem sem cuidados.

Ao que apuramos, no distrito de Bragança estão identificados à volta de 700 utentes que padecem desta doença, mas deve haver mais casos, já que há uma taxa muito baixa de espirometrias, o exame que confirma esta patologia.

O que é certo, é que estão, desde janeiro de 2020, sem os cuidados que lhes deviam ser prestados, e estamos a falar de doentes do foro respiratório que facilmente podem cair numa unidade de cuidados intensivos e não resistirem.

O projeto devia ser desenvolvido num período de 2 anos, ou seja, até dezembro deste ano de 2021. 

A fundação EDP tem pedido relatórios trimestrais, mas a resposta tem sido sempre a mesma. Não foi desenvolvida qualquer atividade no âmbito da pandemia Covid-19.

Confrontada com o assunto, a administração da ULSNE respondeu, por escrito, que o Programa de Reabilitação Respiratória em Utentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica em Ambulatório na ULSNE, “ainda não foi iniciado, ao contrário do previsto, e conforme a informação regular facultada junto da entidade financiadora, na sequência de constrangimentos motivados pelo surgimento e pelo prolongamento da pandemia de COVID-19, ainda em curso”, pode ler-se.

A ULSNE sublinha que o projeto “foi esboçado, apresentado e aprovado externamente em 2019, antes da ocorrência no país de casos de infeção por Sars-CoV-2, pelo que se verificou uma situação de total imprevisibilidade, a qual veio, como é sabido, obrigar ao condicionamento de toda a atividade assistencial na área da saúde, incluindo a da ULS do Nordeste”.

Para além disso, a administração lembra que no âmbito da resposta à pandemia, “iniciou-se em dezembro de 2020 a execução do Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19, atualmente em vigência, o qual tem mobilizado um vasto conjunto de meios, nomeadamente humanos”.

A ULSNE diz que tem informado periodicamente a Fundação EDP destes factos e que aquela entidade “tem manifestado o seu entendimento no que respeita aos motivos relacionados com a prorrogação”.

A finalizar, a ULSNE diz estar ciente da importância da implementação deste projeto na sua área de abrangência, e que “mantém a firme intenção de o levar a cabo, “logo que sejam ultrapassados os constrangimentos motivados pela pandemia e que estejam reunidas as condições necessárias para o seu início, esperando-se que, se possível, ainda em 2021”, conclui.

Diga-se que a DPOC constitui uma das principais causas de morbilidade crónica, de perda de qualidade de vida e de mortalidade.

Jornalista: Fernando Pires 

Slider