Consequência da queda de granizo, registada entre os meses de maio e junho, os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães reclamam perdas que rondam os 95 por cento de produção. Posto isto, reivindicam, junto do Governo, apoios para sistemas anti-granizo, uma medida indispensável para minimizar os efeitos.
À margem da Feira da Maçã, do Vinho e do Azeite, em Carrazeda de Ansiães, foram vários os produtores de maçã que reclamaram das perdas do produto que rondam os “95%”. Esta situação é consequência do granizo registado entre maio e junho, do presente ano, que afetou a região
Luís Vila Real, presidente da Associação de Fruticultores e Viticultores do Planalto de Ansiães (AFUVOPA), é produtor de maçã há mais de 30 anos e adianta que este ano a produção do fruto poderia ter sido “excelente”, mas não foi o que se registou. “Houve condições climatéricas boas para a produção, houve água, contrariamente ao ano anterior”, no entanto, “tivemos a infelicidade de sermos tocados por um granizo bastante acentuado”.
No seu expositor, patente no certame que está a decorrer, este fim de semana, em Carrazeda de Ansiães, exibe algumas amostras do fruto que foi alvo do granizo. “Trouxemos para as pessoas perceberem a realidade que se vive no concelho resultante das intempéries do granizo”, começa por explicar. “Não podíamos escamotear a realidade e mostrar, apenas, um produto de excelência, que o temos, mas é muito pouco”.
“O granizo afetou 90% dos pomares, com um prejuízo na ordem dos 95 a 98%”. Posto este problema em cima da mesa, são vários os produtores que pedem apoio ao Ministério da Agricultura para a instalação de sistemas anti-granizo na região.
O presidente da AFUPOVA frisa que já há bastante tempo que os produtores, e a própria associação, tem reivindicado medidas junto das entidades competentes. “Nós temos vindo a fazer muita pressão para tentar obter ajudas para a instalação de sistemas de proteção”, no entanto, Luís refere que parece haver “uma resistência, pelo menos até agora, por parte do Ministério da Agricultura para implementar a medida”.
Luís Vila Real salienta que a preocupação já foi, também, levada junto ao município de Carrazeda de Ansiães. “O município está a ajudar-nos a fazer a ponte com o Governo, no sentido de sensibilizar o Estado para a instalação desses sistemas e, portanto, estamos a aguardar uma decisão com urgência”.
“É uma das grandes preocupações que temos, não só na região, mas no Douro” explica João Gonçalves, presidente de Carrazeda de Ansiães. “É urgente prepararmo-nos e adaptarmo-nos a essas alterações climáticas” e explica que “elas estão-se a sentir cada vez mais frequentemente, nomeadamente no concelho de Carrazeda de Ansiães”. “Nós já tivemos granizo” relembra o autarca, todavia nada ultrapassa o valor registado em 2023.
João Gonçalves menciona que há instrumentos capazes de combater e minimizar as consequências do granizo, contudo, os existentes “exigem investimentos muito grandes que os agricultores têm dificuldade em aceder”, como é o caso “da cobertura dos pomares com telas”.
Ainda assim, agora surgem outras ferramentas, como é o caso das torres de proteção anti-granizo, que já se encontram instaladas no concelho de Armamar e em parte do concelho de Moimenta da Beira. Estes sistemas “têm provado serem eficientes para minimizar o problema”.
“Nós precisamos de apoios para instalação de sistemas de proteção, sejam sistemas de telas anti-granizo, ou então uns mais fáceis de instalar e muito mais baratos, que são as torres anti-granizo”, refere o presidente da AFUPOVA, Luís Vila Real, que explica que, em Carrazeda de Ansiães “a instalação das telas rondaria os 18 milhões de euros” enquanto que, no caso das torres anti-granizo oscilaria “entre os 750 e os 800 mil euros e seria possível instalá-las num mês”. Fazendo contas à vida, o presidente da associação adianta que “com uma comparticipação de 50% do Governo, entre os 350 ou 400 mil euros de ajuda, conseguiríamos proteger o núcleo-duro da produção”.
Quem marcou presença na Feira da Maça, do Vinho e do Azeite, foi Isabel Ferreira, Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional a quem lhe foi, também, requisitada atenção ao problema em questão, de forma a que estes percalços possam ser levado até ao Governo.
“O que verificamos é, de facto, um território com produtos de excelência, desde o vinho, ao azeite e à maça que além de mais são o mote desta feira” mas o problemas dos agricultores não passa despercebido e não é indiferente para Isabel Ferreira. “Tive a oportunidade de ouvir os relatos de alguns produtores relativamente às suas perdas imensas da esmagadora maioria da sua produção devido à queda de granizo”.
A Secretária de Estado pensa que, agora, o melhor a ser feito é “apoiar, cada vez mais, técnicas anti-granizo, técnicas cujos efeitos estejam comprovados também cientifica e tecnologicamente”. E realça que “é uma necessidade premente para estes territórios e para os agricultores e os produtores que viram a sua produção bastante danificada”.
Em junho, o Governo anunciou apoio aos produtores, de um máximo de 55 euros por hectare de área afetada, de forma a minimizar os efeito, no entanto, o presidente da Associação de Fruticultores e Viticultores do Planalto de Ansiães diz ser “insuficiente”.
Jornalista: Lara Torrado