Durante o 42º Congresso do PSD, Luís Montenegro anunciou um grande projeto de reabilitação para a Área Metropolitana de Lisboa, com o objetivo de erguer uma “metrópole vibrante e homogénea” nas duas margens do Tejo. O anúncio foi bem recebido, mas levantou questões sobre as desigualdades entre o litoral e o interior do país. Pedro Lima, presidente da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, defende que o Norte também precisa de investimentos semelhantes.

No congresso realizado em Braga, no passado dia 20 de outubro, Luís Montenegro revelou um ambicioso plano para a Área Metropolitana de Lisboa. A medida promete dinamizar a região, promovendo uma maior mobilidade e sustentabilidade ambiental. Contudo, Pedro Lima, presidente da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes e autarca de Vila Flor, expressou a sua apreensão em relação ao desequilíbrio no investimento entre Lisboa e as regiões do interior, especialmente no Norte do país.

“Concordamos com as medidas que estão a ser tomadas para a Área Metropolitana de Lisboa, achamos que são medidas justas, que vão promover a mobilidade e vão preservar o ambiente”, afirma Pedro Lima. No entanto, o autarca considera “estranho” que não existam planos semelhantes para o Norte, onde as acessibilidades rodoviárias e ferroviárias têm sido uma necessidade há muito apontada. A falta de uma ferrovia adequada, a rodovia deficitária e as comunicações digitais precárias são alguns dos problemas que o Norte enfrenta e que, segundo Pedro Lima, não podem continuar a ser ignorados.

O autarca transmontano exemplificou as dificuldades enfrentadas pela região, mencionando que “é inconcebível que nos dias de hoje demore duas horas a irmos de uma sede de concelho à sua capital de distrito”. Para o autarca, este é um exemplo claro da falta de coesão territorial e de como o interior continua a ser uma “grande zona branca” no que toca ao investimento nacional.

Apesar da crítica, Pedro Lima reconhece que o atual Governo está no poder há apenas seis meses, sublinhando que esta é uma questão que já se arrasta há oito anos. “O Norte é um território que contribui significativamente para o país, nomeadamente na geração elétrica e na indústria, e não pode continuar a ser esquecido. Se há medidas para uns, tem que haver medidas para outros”, defende o autarca.

Pedro Lima mantém a esperança de ver o Governo responder às necessidades de Trás-os-Montes, com investimentos que promovam o desenvolvimento e a coesão territorial. Enquanto aguarda uma resposta, o autarca reafirma que os problemas de acessibilidade e infraestruturas são urgentes e que o Norte de Portugal não deve continuar a ser deixado para trás. Para o presidente da CIM-TTM, a verdadeira coesão territorial só será alcançada quando o investimento for igualmente distribuído, contemplando todas as regiões do país.

Jornalista: Lara Torrado

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