Artigo de opinião escrito por Vítor Girão Bastos- Professor de Geografia, Mestre em Educação na Área de Especialidade “Tecnologias Digitais”

Há já algum tempo que utilizo os videojogos em contexto de aprendizagem, enquanto metodologia de aprendizagem ativa inovadora. Com a evolução tecnológica, os videojogos deixaram de ser apenas um passatempo, passando a ser aliados na aquisição e desenvolvimento de diversas competências, que considero estruturantes, nos alunos. Além disso, podem ser uma fonte de motivação.

De uma forma geral, ainda é visível alguma resistência no uso pedagógico dos videojogos. Mas o meu “saber só de experiência feito”, tem-me revelado que são diversos os benefícios pedagógicos do seu uso. Considero quase inquestionável os seus benefícios no processo de ensino e de aprendizagem.

Ao contrário do que se possa pensar, os videojogos criam ambientes interativos onde os alunos podem aprender de forma dinâmica, prática e divertida. No meu caso, tenho produzido e utilizado videojogos que, de alguma forma, se podem integrar na aprendizagem da disciplina que leciono – Geografia.

Assim sendo, por experiência própria, posso afirmar, com toda a certeza, que a utilização de videojogos educativos traz diversas vantagens. A motivação e consequente envolvimento dos alunos, como mencionado anteriormente, é uma das principais. Sabemos como, por vezes, pode ser difícil manter os alunos interessados e empenhados nas tarefas escolares. Contudo, ao disponibilizarmos conteúdos interativos e apelativos como os videojogos, conseguimos captar mais facilmente a atenção dos alunos e motivá-los a ter um papel mais participativo. Por outro lado, a utilização de videojogos permite, ainda, desenvolver competências como o raciocínio lógico, resolução de problemas e tomada de decisão em tempo real.

Outra das vantagens é que os videojogos permitem uma aprendizagem ao ritmo de cada aluno, contribuindo para que cada um possa explorar os conceitos de forma individual e progredir quando se sente preparado. Existem também alguns jogos que incentivam a colaboração e o trabalho em equipa, ao mesmo tempo que oferecem uma competição saudável. Tais dinâmicas reforçam as relações interpessoais e promovem competências de comunicação e colaboração. Por fim, no ambiente virtual, os alunos têm a liberdade de falhar e tentar novamente, o que promove um estilo de aprendizagem resiliente, fazendo com que o “erro” seja algo natural.

Posto isto, reforço que, de acordo com o meu “saber só de experiência feito” – como diria Camões – os videojogos, quando utilizados de forma eficaz, são uma ferramenta valiosa em contexto pedagógico. São um excelente recurso que permite enriquecer e complementar os espaços de aprendizagem permitindo que os alunos adquiram e desenvolvam diversas competências, as quais podem ser mobilizadas a curto prazo, em contextos de aprendizagem escolar, mas também a longo prazo, na aprendizagem ao longo da vida, quer em contexto pessoal ou laboral.

Como professores, e tendo em conta o papel fundamental que temos na educação e no desenvolvimento dos alunos, é importante vencer algumas resistências e alguns receios, indo por “mares nunca de antes navegados”, acompanhando os tempos e as novas tecnologias pelo bem da aprendizagem dos nossos alunos. A Associação de Empresas Produtoras e Distribuidoras de Videojogos (AEPDV) lançou o manual prático “Games in Schools”, que pode ser um recurso para professores que querem começar a utilizar videojogos como complemento ao ensino. Afinal, os videojogos, longe de serem uma distração, podem ser uma forma eficaz de envolver os alunos e promover uma aprendizagem mais profunda, prática e significativa.

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