Artigo de opinião escrito por Katy Rodrigues – Consultora em Marketing, Turismo e Sistemas de Informação

Valerão várias cabeças pensantes mais do que uma singela linha de raciocínio? A teoria parece fascinante: mais mentes reunidas, mais conhecimento e aqui está a autoestrada para a sabedoria. A resposta, como muitas outras no mundo corporativo e na gestão de ideias, é não.

Na prática, a qualidade do pensamento é infinitamente mais relevante do que a quantidade. E a multiplicidade é um forte argumento apenas na ótica da probabilidade. Porque no fundo, as melhores ideias nascem de um pensamento leve, sem o peso da validação incessante e da busca pelo aval das massas. Não romantize o brainstorming. As boas soluções, só são boas quando aplicadas “em linha reta” e no timing correto, o que pressupõe filtrar a areia da engrenagem.

Cabeças pensantes devem ser solitárias para serem assertivas e normalmente, devem ser seres com capacidade alcançar a felicidade. Por isso, a verdadeira gestão do pensamento não está em somar cabeças, mas em cultivar a liberdade de pensar sem medo de ser contradito e ter a capacidade de filtrar ecos, para seguir em frente.

O famoso “problema partilhado é meio caminho para a solução” soa bem, mas a democracia no pensamento não funciona assim. Quando a procura desmedida do consenso nos atinge, o que se obtém é uma salgalhada de pareceres que nos emaranham. E no final, o que fica não é uma solução inovadora ou uma resposta genuína, mas um clone de ideias, que acaba por satisfazer de forma mediana a todos no geral, mas que normalmente não acrescenta valor a ninguém em particular. E tanto na vida como nas empresas, há que ser extraordinário!!! Há que manter o foco nas nossas decisões para que possamos realmente impactar os projetos que tocamos e as pessoas com que nos cruzamos.

E mesmo que não concorde com esta teoria, certamente concordará que os pensamentos são, de facto, a matéria-prima da mudança. É necessário reconhecer que nem todos os pensamentos geram um impacto real ou significativo, mas também é fundamental compreender que, sem uma gestão consciente destes, a evolução não acontece.

Slider