Artigo de Opinião de Marisa Lages – Fisioterapeuta, Docente no Ensino Superior e Investigadora na área da Gestão
A função principal de uma organização de saúde e mais concretamente as do SNS é a de prestar assistência às necessidades do paciente, devendo-se dar atenção às diversas dimensões que envolvem este indivíduo – biológicas, psicológicas, sociais, ambientais, culturais e temporais, uma vez que estas afetam o seu comportamento em relação à doença e ao tratamento.
Este tipo de organização possui diversas áreas funcionais que se relacionam de forma interdependente, o que exige um funcionamento eficiente de todos os grupos e de todos os seus membros. A sua estrutura é caracterizada por uma extensa divisão do trabalho especializado, realizado basicamente em equipa, o que mobiliza habilidades e esforços de grande número de profissionais, estando subjacente uma alta concentração de especialização, com formações distintas. Vários autores mencionam que neste tipo de organizações de saúde estão integrados vários sub-sistemas, podendo variar em número, complexidade e abrangência, dependendo do tipo e da finalidade da organização, para que sejam alcançados os seus objetivos finais, atuando tanto na atenção direta (meio), quanto na atenção indireta ao paciente (funções administrativas). Assim, não existe uma resposta única que defina a estrutura de relacionamento mais adequada para os colaboradores que trabalham nestas organizações. Para que a gestão seja eficiente é importante que a estrutura organizacional seja compatível com a realidade e a especificidade da organização, de forma que a prestação dos serviços de saúde se tornem também mais eficientes. É neste ambiente que pode germinar o intra-empreendedorismo.
Para vos relembrar o intraempreendedorismo é definido como empreendedorismo dentro das organizações existentes podendo ser definido no contexto das organizações do SNS como aquele gestor/colaborador que cria novos e inovadores serviços e procedimentos perante os existentes, bem como, é capaz de autorrenovar através da reformulação da estratégia, da reorganização e da mudança organizacional e, claramente carateriza-se pela sua proatividade.
Será que atualmente as organizações do SNS estão consciencializadas para integrar este conceito de intra-empreendedorismo?
O gestor destas organizações não deverá apresentar um comportamento diferente do intra-empreendedor de outro tipo de organizações, pois neste ambiente há necessidade constante de ações rápidas e inovadoras. Nas organizações do SNS o intra-empreendedorismo deverá ser considerado como uma grande oportunidade para desenvolver diferenciais competitivos, e uma forma de melhorar o atendimento dos pacientes despertando a inovação e a transformação constante da organização, e principalmente, valorizando o potencial de cada colaborador-empreendedor.
Tem-se verificado por parte das organizações do SNS cada vez mais iniciativas que melhorem significativamente o seu funcionamento e que de uma forma subtil se vislumbre o intraempreendeorismo mas reconheçamos que ainda é um longo percurso a percorrer. Depende sobretudo da dinamização e reconhecimento por parte da gestão de topo e intermédia aos seus colaboradores.