Artigo de Opinião escrito por Lídia Praça – Jurista e Vice-Presidente nacional da União Hispanomundial de Escritores (UHE)
Durante as próximas duas semanas a cidade escocesa de Glasgow é o epicentro das discussões sobre as alterações climáticas, na Cimeira mundial conhecida por COP 26. Com efeito, é urgente transformar o nosso mundo e os nossos hábitos e foi com este propósito que em 1 de janeiro de 2016 entrou em vigor a Resolução das Nações Unidas (ONU), também conhecida como a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. A Agenda incorpora 17 objetivos (ODS), que visam solucionar as necessidades das pessoas, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento, garantindo que ninguém fique para trás. Contudo, dada a extensão do tema vou concentrar a minha abordagem, de hoje, apenas no Objetivo 13 designado como Ação Contra a Mudança Global do Clima. Efetivamente, é indispensável transformar o nosso mundo e poder, um dia, narrar a maior, mais solidária e definitiva história da vida na terra e de como foram ultrapassados todos os desafios que põe em risco a sobrevivência do nosso planeta.
Das várias metas definidas para o ODS 13, optei por centrar a minha reflexão em duas. A primeira impõe melhorar a educação, aumentar a consciencialização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação global do clima, adaptando e reduzindo os impactos subjacentes às alterações climáticas. A segunda obriga a integrar medidas de mudança do clima nas políticas, estratégias e planos nacionais. Lembrar que neste contexto, nos últimos 4 anos, se mobilizaram cerca de 100 milhões de dólares para ajudar os países em desenvolvimento no plano de mitigação de desastres relacionados com o clima e se impôs aos países desenvolvidos, que mais contribuíram para a tragédia climática, que iniciem de imediato ações concretas para corrigir os erros, contribuindo ainda para o crescimento sustentável dos países em desenvolvimento.
Em Portugal, concretamente, nas últimas décadas tem persistido o sistemático aumento dos incêndios e da seca, com graves impactos quer na paisagem, quer na economia e no bem-estar das populações. É, pois, fundamental que os Planos relativos à floresta e às áreas integradas de gestão da paisagem não visem unicamente a reposição da situação anterior aos incêndios, mas sobretudo que garantam uma verdadeira transformação do País para que seja melhor do que era antes. Alcançar a meta não deve significar apenas financiar a recuperação da área ardida, mas sim financiar a transformação da área ardida para que não volte a arder, e isto só será possível com intervenções globais e estruturais, capazes de concentrar o investimento, os recursos e a capacidade, nas seguintes metas:
– Descontinuar as manchas de resinosas, cuja concentração impede a floresta de ser uma riqueza para todos e, ao invés, criar uma nova paisagem, que permita introduzir novas culturas, aptas a gerar mais valor para os seus proprietários, para o território e que o tornem mais seguro.
-Executar a abertura de faixas de muitos quilómetros lineares e largura significativa que interrompam a continuidade das densas massas florestais.
– Valorizar a biomassa, como forma de gerar rendimento que fixe as populações, criando territórios mais próspero e coesos e uniformemente povoados.
– Concentrar o investimento no desenvolvimento das bioindústrias.
– Consciencializar para recolha de água na superfície, através da criação de infraestruturas que retenham as águas pluviais e alertar para os riscos de algumas formas de recolha de água no solo.
– Olhar definitivamente para a pecuária na ocupação das faixas de separação dos vários tipos de floresta, como um fator importante de qualquer plano estratégico.