Por: Filipa Ladeiro- Médica de Família na UCSP Carrazeda de Ansiães
Como todos sabemos enfrentamos desde o início do mês de março um panorama epidémico peculiar, nunca antes vivido, nem nunca antes imaginado. Uma pandemia provocada por um vírus extremamente contagioso que mudou radicalmente as nossas vidas e a nossa maneira de estar e ser na sociedade.
Atualmente encontramo-nos numa fase particularmente crítica, a fase de mitigação proclamada desde as 00:00 do dia 26/03/2020 pela Direção Geral de Saúde. A fase de mitigação é a última fase antes da recuperação da pandemia, significa que a transmissão da doença deixou de ser feita apenas em locais específicos onde existiam grandes cadeias de transmissão (chamados locais de transmissão ativa) e passou a ser feita na comunidade.
É nesta altura que estão reunidos esforços de forma a reduzir o impacto da COVID-19, bem como a sua propagação e efeitos na morbimortalidade da população. Isso implica que todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde foram chamados a dar resposta, os hospitais do sector privado e social estejam envolvidos na fase de diagnóstico e na gestão de casos, que o isolamento de doentes esteja a ser feiro no domicílio e que o uso de máscara seja generalizado para toda a população.
Estamos a assistir a uma união nunca vista entre os serviços de saúde, forças de segurança, autarquias, corporações de bombeiros e IPSS em prol do combate da doença e, fundamentalmente, à diminuição no número de casos por região.
É essencial que a população cumpra a sua parte, mantendo o isolamento social, cumprindo regras no que concerne às saídas de casa para o estritamente necessário, sempre com os maiores cuidados de higiene e segurança.
Temos assistido a cenários devastadores em países tão próximos como França e Itália, onde as mortes surgem em catadupa a cada dia, onde não há capacidade de resposta dos serviços para tratar todos e escolhas cruéis têm de ser tomadas diariamente. No final de tudo isto não vai ficar tudo normal, os profissionais vão estar cansados, vai haver perdas, não vamos conseguir fazer o devido luto, no entanto julgo que vamos encarar a vida com outros olhos e começar a dar valor a pequenas coisas.