Em 2022 cerca de 2.600 crianças e jovens, vítimas de crime e violência doméstica, foram apoiadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima. Este número representa uma subida de 32% face ao ano anterior.

De acordo com dados a que a agência Lusa teve acesso, das 2.595 crianças e jovens vítimas de crime e violência, apoiadas pela APAV, 60%, ou seja, 1.560 eram raparigas e 38,9% que em números representa 1.007, eram rapazes.

Segundo destacou Carla Ferreira, assessora técnica da direção da APAV, muitas dessas 2.595 crianças foram vítimas de diversos tipos de violência diferentes, desta forma, o número de crimes cometidos contra os menores de idade é muito maior do que o número de vítimas apoiadas.

“Temos mais crimes do que crianças vítimas, o que significa que há crianças que são vítimas de várias situações de violência diferentes, o que também é importante destacar. (…). A violência doméstica pode levar-nos para situações de violência física, psicológica, mas também, por exemplo, situações de violência sexual, assim como o ‘bullying’”, explicou a especialista à agência Lusa.

De acordo com Carla Ferreira “as crianças [estiveram] num contexto em que se sentem mais confortáveis para poder revelar situações violentas (…), ao contrário daquilo que aconteceu em 2021 e em 2020, em que tivemos largos períodos de confinamento. Em 2022, isso já não se verificou”.

Questionada sobre o porque de mais de metade das vítimas serem do sexo feminino, a especialista explica que, normalmente, sempre há mais raparigas a serem vítimas e isto explica-se pelo facto de terem uma maior vulnerabilidade associada. A especialista explicou que a vulnerabilidade das meninas leva a uma maior tendência para reportar as situações, ao contrário dos rapazes, em que há “uma maior necessidade de ocultar as situações”.

Jornalista: Lara Torrado

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