Artigo escrito por Paulo Esteves – Bombeiro na Corporação de Bombeiros Voluntários de Mirandela
Quem me conhece sabe que eu adoro o Natal, aquela correria toda à procura dos últimos presentes, a família reunida, o cheirinho dos doces típicos, as decorações pela casa, o quentinho do nosso lar, o esperar pela meia noite para abrir as tão esperadas prendas.
A ansiedade é enorme pela espera desta altura do ano. Lembro-me de ser pequenino e de nunca faltar a uma feira de Natal com o meu pai. Podíamos não comprar nada, mas o simples facto de ele me levar até lá eu já sentia aquela felicidade.
A sensação de não querer crescer era enorme, não deixar de ser pequeno para que o meu Natal como criança nunca desaparecesse.
Na minha família, quando eu era mais novo, tínhamos o hábito de nos juntar em casa da minha avó paterna para jantar na noite de consoada. Era a altura do ano em que via os meus primos todos e tios da parte do meu pai, a felicidade de poder brincar até à exaustão com eles era uma sensação boa.
Após o jantar, enquanto esperávamos pela hora de abrir as prendas, íamos todos juntos à fogueira de Natal. Ficávamos todos numa roda à volta daqueles enormes troncos a arder, o calor da fogueira misturado com o frio que se fazia sentir era uma sensação muito boa.
Chegava o momento de abrir os presentes, a hora mais ansiada por qualquer criança e, todos os anos, algum tio diferente se disfarçava de Pai Natal, para nos surpreender. Nós ficávamos todos contentes, não havia papel de prenda que resistisse.
Passado uns anos, esses momentos vão-se perdendo. O hábito de juntar a família em casa da avó transformou-se e acabou por se perder. Ter o pai, a mãe e as irmãs reunidas em casa já era o suficiente para não perder o encanto do Natal, sobretudo quando não deixavam faltar alguns doces, como a aletria, as filhoses e as rabanadas… poderia não ser muita variedade, mas era o suficiente para ser feliz. Não esquecendo, do bacalhau e do polvo que era o essencial na mesa de consoada.
Quando crescemos aprendemos que nem tudo o que nos contam é a realidade. Vemos que há coisas que na verdade nunca existiram, mas quem tem um espírito de criança nunca deixa morrer as tradições e as imaginações da época.
Para mim o Natal é a melhor época do ano, não pela entrega de presentes, mas sim pelo simples facto de poder relembrar momentos, poder contar as melhores histórias, conviver com a família, ver os filmes típicos de Natal e comer os docinhos que só fazem sentido nessa altura do ano.
Existem pessoas que vão faltando à mesa durante o Natal, mas lembrar e honrar a memória deles é o mais importante.