Hugo Rodrigues demorou 12 anos a concluir obra de arte que já mereceu elogios da Marinha Portuguesa.

Desde 2009, Hugo Rodrigues dedicou grande parte dos tempos livres da sua atividade profissional a construir meticulosamente uma réplica do navio Sagres, o principal navio-escola da marinha portuguesa, identificado pelas suas velas ostentando a Cruz da Ordem de Cristo.

O professor de violino da Escola Profissional de Arte de Mirandela e do Conservatório de Música de Bragança revela o que o levou a este desafio arrojado. “Surgiu do meu gosto pelo modelismo e deste barco em especial porque é um símbolo da nação”, conta. Os 12 longos anos para o terminar ficaram a dever-se a vários fatores. “Foram precisas milhares de horas de trabalho de bricolage e outras tantas de investigação sobre as origens do Sagres, mas pelo meio tive várias interrupções forçadas porque cuidar dos filhos com tenra idade exige uma presença constante”, adianta.

Como se isso não bastasse, “as peças são muito pequeninas, as ferramentas são de alta precisão de corte e com as crianças pequenas tinha de ter o máximo de cuidado”, confessa Hugo que aproveitou bem o primeiro e o segundo período de confinamento. “Esta pandemia, pelo menos esse lado bom, porque permitiu que desse um grande avanço ao trabalho e agora finalmente está pronto”, afirma com orgulho. “E já se pode visualizar numa foto no site oficial da Marinha Portuguesa que tem muitos likes”, acrescenta.

A réplica do Sagres tem um metro e dez centímetros de comprimento, 72 centímetros de altura e 32 de largura. Hugo Rodrigues não deixou nenhum pormenor de fora. “Tinha de ser mesmo perfeitinho, senão as velas e os fios não batiam certo”, conta.

O navio tem 240 fios com muitos metros, 20 tubos de super cola 3 e centenas de pauzinhos minúsculos. “Por exemplo, as varandinhas do convés têm buracos abaixo de um milímetro e tive de utilizar fio de sediela”, diz.

No trabalho de pesquisa, Hugo acabou por encontrar uma coincidência inesperada. “Os portugueses compraram o Sagres aos brasileiros por 150 mil dólares, em 1961 e quando o foram buscar ao Brasil, o avião despenhou-se, morreram mais de 30 pessoas, um dos sobreviventes descobri que era avô de um amigo meu”, conta.

Hugo Rodrigues sublinha que os dois filhos deram um “pequeno contributo” porque pintaram algumas peças. “Foi bom, porque as crianças agora estão sempre agarradas aos telemóveis. Defendo que este tipo de atividades de artes plásticas deviam ser levadas muito a sério”, sugere.

O professor de violino já tem em mente um outro projeto. “O próximo será fazer uma réplica da linha do Tua, com a nossa antiga estação da CP”, revela.

Jornalista: Fernando Pires

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