Artigo escrito por Cláudia Fernandes – Emigrante na França, natural de Miranda do Douro 

O dia de consoada começava bem cedo, com a avó a confecionar a massa para as filhós. Enquanto isso, o avô acendia a lareira para mais tarde fritar as filhós (porque era só à lareira que fazia sentido).

Mais tarde, na hora de jantar, a família reunia-se na casa dos avós rodeada de uma mesa farta com o bacalhau que a avó tinha cozido, acompanhado com as tradicionais batatas e a couve de “Natal”. Depois era servido o polvo cozido e depois envolto em ovos e salsa que posteriormente era frito. A filha tinha preparado as tradicionais rabanadas e a nora uma tarte. 

O serão era em família recheado de risadas e conversas que envolviam os mais crescidos e os mais pequenos. 

Antes de dormir, nós, as crianças, deixávamos o sapato ao pé da chaminé, tanto em casa dos avós como na casa dos nossos pais. Na manhã de Natal corríamos para ver os presentes deixados no sapato… e o dia de Natal era todo ele passado assim, em família.

Os anos passaram e esses Natais terminaram com a partida do avô. Os Natais mudaram de casa, agora para a casa da filha e genro que entretanto se tornaram também eles avós. 

Algumas destas tradições, como foi o caso do sapato na chaminé, podem ter ficado lá atrás, mas o mais importante, e a maior tradição, mantém-se ao longo dos anos, a família, ou o que resta dela, reunida e unida sempre no Natal. E essa é a maior e melhor tradição que pode existir! 

Esta é a minha singela homenagem a todos os avós do mundo e principalmente aos meus que são todos eles as nossas estrelinhas no Natal e todos os dias!

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