Artigo escrito por Bela Vilares – Profissional de Comunicação e Relações Públicas Gabinete de Comunicação da EsACT-IPB

O Natal aproxima-se… sabemo-lo pela atmosfera que parece contagiar toda a gente: ao ouvirmos canções típicas desta quadra, luzes a brilhar em cada rua que atravessamos, pessoas a circular com sacos cheios de compras ou conversas sobre os planos para o jantar de consoada.  Mas, por detrás deste cenário de festa e partilha, há quem sinta o peso desta época, desejando que dezembro passe num piscar de olhos.

Para alguns, o Natal não é sinónimo de magia, mas sim de saudade, solidão ou dificuldades. Quantos de nós, em algum momento, não tivemos já vontade de hibernar até janeiro? Seja pela falta de um familiar ou amigo que no ano anterior partilhou esta quadra connosco, pelo aparecimento de uma doença que veio virar do avesso o nosso mundo, um despedimento que mudou completamente a nossa perspetiva de vida e abalou consideravelmente a estabilidade financeira da família… Os motivos podem ser vários, mas o resultado é o mesmo: para muitos de nós, esta época traz mais dor do que felicidade. 

Esta reflexão permite-nos distanciar, por um momento, da alegria que costuma envolver a maioria de nós nesta época e faz surgir a pergunta: como podemos ser luz na vida de outra pessoa? Dirão alguns: “Mas porquê só agora? Não deveria ser o ano inteiro?”. É verdade que há quem precise de um abraço, de conforto ou de bens essenciais em todos os meses do ano. Mas não é menos verdade que esta época inspira muitas pessoas a olharem com mais atenção para o próximo. Afinal, apesar de vivermos numa sociedade que parece cultivar, cada vez mais, o egoísmo e o egocentrismo, esta altura do ano recorda-nos a importância de valores como a partilha e o altruísmo.

Comecemos pela nossa escala! Podemos dar o primeiro passo com algo simples, como tirar um momento do dia para dar atenção a um vizinho que sabemos estar sozinho, por exemplo, ou então, vamos mais longe. Por que não convidá-lo a sentar-se à nossa mesa na noite de Natal? Ou então, por que não levar um jantar preparado até sua casa, respeitando, desta forma, a sua vontade de não sair do seu espaço, onde tem as suas memórias de outros Natais? Basta olharmos ao nosso redor com atenção para encontrarmos alguém que está longe da família, se encontra de luto, deprimido ou a enfrentar grandes desafios. Em 2024, que tal cada um de nós fazer a diferença? Há bons exemplos por todo o mundo e, felizmente, também perto de nós. Entre tantas formas de fazer a diferença, apesar das opiniões negativas que muitas vezes formamos sobre as novas gerações (não menos vezes potenciadas pelos comportamentos de alguns grupos), dou nota de duas iniciativas locais, promovidas pelos jovens estudantes da Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo (EsACT) de Mirandela, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), que são motivo de orgulho e se destacam pela forma como traduzem o espírito de união e partilha.

A Associação de Estudantes organizou a “Partilha de S. Martinho” (inspirada na lenda de S. Martinho, que dividiu a sua capa com quem precisava de agasalho), uma campanha que mobilizou a comunidade académica a apoiar estudantes mais vulneráveis com roupas, agasalhos, livros, material escolar e alimentos não perecíveis. A ação procura garantir que esses colegas se possam focar nos estudos e no seu bem-estar. Já a equipa do programa Mentoring Academy, do IPB, realiza, pelo segundo ano consecutivo, o “Estendal Solidário”, transformando o anfiteatro ao ar livre num espaço de partilha de roupas, livros e cobertores, à disposição de quem precise (seja da comunidade académica ou não). Com o lema ‘Estende memórias, coleciona novas histórias’, esta campanha convida à doação do que já não usamos e à procura do que pode ser útil. Estas duas campanhas mostram como o Natal pode ser um tempo de generosidade e empatia, ajudando a tornar a vida de alguém um pouco mais leve. Para mim, é motivo de orgulho ver os estudantes da EsACT-IPB envolverem toda a comunidade em torno destes valores e do verdadeiro espírito natalício. 

Assim, o Natal é mesmo único e especial! 

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