Há cerca de um mês que os atletas da AMAO – Associação Mirandelense de Artes Orientais – estão a treinar na rua, depois de uma fração do pavilhão da Reginorde, onde estão sediados há alguns anos, ter ficado inundada devido à intensa chuva que caiu, deixando o pavilhão, propriedade do município, sem condições para os treinos.

“Já não é a primeira vez que isto acontece, mas não com esta dimensão, apesar de termos vindo a alertar que isto podia acontecer, mas ninguém nos ouve, e este é o resultado”, lamenta a presidente da direção da AMAO.

“A sala é ótima, mas não devia era cair água de cima. Temos uns tapetes que são do melhor que há, mas custou-nos dinheiro e estamos em risco de ficar sem nada e o que me custa é saber que o sacrifício que nós fazemos para treinar os atletas não seja reconhecido”, acrescenta Jesus Novo.

A solução tem sido treinar na rua os cerca de trinta atletas, sete dos quais federados e com competições importantes à porta, um deles já no dia 8 de julho, o campeonato ibérico de Shuai Jiao (Luta Chinesa). Jesus Novo está, por isso, muito pessimista quanto aos resultados desportivos na prova a realizar em Espanha, devido a estas condições de treinos, ou melhor, a falta delas. “Temos andado lá fora a correr, mas o nosso tipo de combate obriga a ter tapetes para cair, porque há projeções e não podemos treinar em condições”, afirma.

Vídeo publicado nas redes sociais da associação

Também Inês Novo, atleta da AMAO, atual campeã nacional de luta olímpica, em cadetes -50 Kg, não esconde a insatisfação com a situação. “Dói ver isto assim, porque é basicamente a nossa segunda casa, passamos aqui horas e horas a treinar, e dói até porque nós queremos trazer prémios para Mirandela e parece que eles não se importam com a nossa preparação para essas competições”, refere.

A treinar na rua, sem condições, a jovem atleta tem muitas dúvidas de que possa obter bons resultados nas próximas competições. “Vai prejudicar, porque há outros atletas que treinam todos os dias e eu não conseguindo treinar é claro que vai prejudicar a minha prestação. Queria trazer mais uma vitória para Mirandela, mas assim, se calhar não vai ser possível”, lamenta.

Jesus Novo diz que ainda não tem qualquer indicação do Município de quando vai poder voltar a utilizar o espaço. “Alguém veio cá ver, disseram-nos que isto estava impraticável, mas isso já nós sabemos. Deram como alternativa, o pavilhão B, mas nem sequer dá para correr lá dentro porque está cheio de lixo”, conclui.

Confrontado com este caso, o vereador do município responsável pela gestão dos edifícios municipais, Vítor Correia, adianta que os danos causados pela chuva já foram alvo de inspeção e que, em breve, os serviços do município vão proceder aos trabalhos de reparação, mas não adianta qualquer data para a sua execução.

Jornalista: Fernando Pires

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