Alzira da Conceição Sobrinho, conhecida como irmã Maria de São João Evangelista, natural de Pereira, em Mirandela, pode vir a ser santa. A Igreja de Santa Maria Mãe de Igreja, em Macedo de Cavaleiros, vai receber a Sessão de Abertura do Inquérito Diocesano da Causa de Beatificação e Canonização.

Nascida a 4 de abril de 1888, em Pereira, Mirandela, a irmã Maria de São João Evangelista morreu a 10 de junho de 1982, Dia do Corpo de Deus, em Chacim, Macedo de Cavaleiros, e agora pode virar santa.

No próximo dia 15 de agosto, às 16 horas, a Igreja de Santa Maria Mãe da Igreja, em Macedo de Cavaleiros, vai ser palco da Sessão de Abertura do Inquérito Diocesano da Causa de Beatificação e Canonização da Serva de Deus Irmã Maria de São João Evangelista

“Depois da invocação do Espírito Santo, através do canto Veni Creator Spiritus, seguir-se-á a leitura dos documentos preliminares, entre eles o Decreto de nomeação do Postulador, o Libelo de Demanda – documento em que o Postulador pede ao bispo diocesano que faça a instrução da Causa –, a declaração favorável dos bispos portugueses para a abertura da Causa, a carta da Santa Sé com o ‘nada obsta’, o Decreto de aceitação do Libelo e a nomeação dos Oficiais do Inquérito e, finalmente, o Decreto de nomeação da Comissão Histórica”, refere o bispo de Bragança-Miranda, Nuno Almeida, em declarações à Renascença.

QUEM FOI ALZIRA DA CONCEIÇÃO SOBRINHO?

Alzira da Conceição Sobrinho nasceu na aldeia de Pereira, concelho de Mirandela (Distrito de Bragança), Diocese de Bragança-Miranda, no dia 4 de abril de 1888. Foi batizada na sede de Freguesia, S. Miguel de Avidagos, no dia 22 do mesmo mês e ano. Foi a terceira a seguir aos dois irmãos mais velhos e a primeira das quatro irmãs que lhe seguiram.

Da família, especialmente da mãe e da avó materna, recebeu as primeiras inspirações para o amor que devotou a Jesus, tendo marcado a sua vida e intensificando-se ao longo dos anos.

Na juventude começam a acontecer factos extraordinários com Alzira que, atingindo o ponto culminante entre 1916 e 1923, se prolongarão por toda a vida. Em 1916 Alzira declara ter recebido do Senhor a inspiração para “que seja fundada uma nova ordem ou instituição à qual lhe darão o nome de “Vítimas Consagradas ao Amor do Santíssimo Sacramento””.

Tanto o diretor espiritual, como os párocos, e posteriormente outras pessoas, fizeram várias provas a Alzira para apurarem a veracidade dos factos sobrenaturais, que consistiam em receber, sem participação humana, partículas consagradas provenientes do sacrário da aldeia, este sacrário e o vaso no seu interior foram lacrados, confirmando-se, por diversas vezes, que as partículas que Alzira recebera faltavam no vaso, estando o lacre intacto. Segundo ela, Jesus insistia que deviam autorizar a que ela e várias pessoas, que seriam os primeiros membros da Congregação a fundar, andassem com uma partícula consagrada num relicário, para contínua adoração. No Arquivo da Congregação existem vários testemunhos escritos que afirmam a autenticidade de tais acontecimentos extraordinários.

Em 1928 com Maria Augusta Martins, a sua amiga e confidente, funda uma casa de acolhimento para crianças pobres, o Asilo das Florinhas do Sacrário. Em torno de Alzira e Maria Augusta foi surgindo um grupo de senhoras que almejarm viver a espiritualidade eucarística e colabor na obra social.

Em 1941, já com D. Abílio Augusto Vaz das Neves na Diocese de Bragança-Miranda, deu-se impulso à fundação da nova Pia União. A 15 de agosto de 1950 foi ereto canonicamente o Instituto de Direito Diocesano, denominado Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, confirmado como Instituto de Direito Pontifício a 1 de novembro de 1991.

Alzira da Conceição Sobrinho fez a sua primeira profissão a 15 de agosto de 1948, adotando o nome de Maria de São João Evangelista e a profissão perpétua a 15 de agosto de 1951. Praticamente durante todo o tempo da sua vida religiosa viveu em Chacim (Macedo de Cavaleiros), relacionando-se com muitas pessoas de todos os extratos sociais e dando um forte testemunho de vida espiritual e de caridade evangélica a todos, especialmente às suas Irmãs.

Faleceu em Chacim a 10 de junho do ano de 1982, Dia do Corpo de Deus, como tanto desejava. Nesse mesmo dia, após a missa exequial em Chacim, o seu corpo foi levado para Pereira, onde foi sepultado.

As milhares de cartas guardadas no Arquivo Geral da Congregação revelaram que era uma mulher bem conhecida, considerada santa e privilegiada por Deus. Além de muita correspondência da sua autoria, deixou vários escritos onde revelava as suas experiências místicas, bem como o seu amor e fervor a Jesus.

O túmulo da Irmã recebe anualmente muitas visitas de vários pontos do país e, por causa da marca de fervor Eucarístico que ela ali deixou, a aldeia de Pereira recebeu, de D. António José Rafael, o epíteto de “Aldeia Eucarística”. Desde o tempo da Irmã São João, e até aos dias de hoje, mantém-se a tradição de o Bispo diocesano celebrar ali, a cada ano, a festa do Corpo de Deus.

Jornalista: Lara Torrado

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