No Centro de Saúde de Mogadouro foram implementadas consultas descentralizadas, em medicina interna, para a população do planalto mirandês. O objetivo é realizar um acompanhamento mais próximo, caso contrário teriam de se deslocar até à capital de distrito.
A Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste está a desenvolver um projeto de descentralização de consultas hospitalares, que “permite o acompanhamento dos utentes próximo da sua residência, proporcionando-lhes cuidados de saúde de qualidade, em segurança e com maior conforto num contexto de proximidade”, explica.
Neste âmbito, foi implementada a consulta de Medicina Interna no Centro de Saúde de Mogadouro, que resulta da articulação entre os Cuidados de Saúde Hospitalares e os Cuidados de Saúde Primários, tendo em vista a melhoria da acessibilidade aos cuidados de saúde.
Segundo a ULS do Nordeste, a consulta realiza-se todos os meses, através da deslocação de um médico desta especialidade ao Centro de Saúde, onde realiza primeiras consultas e consultas de acompanhamento de utentes com patologias que pela sua complexidade necessitam de avaliação e tratamento no âmbito desta especialidade.
Implementada em maio de 2023, esta consulta, efetuada pelo especialista em Medicina Interna, Andrei Gradinaru, permite o acompanhamento dos doentes do planalto mirandês, abrangendo os concelhos de Mogadouro, Miranda do Douro, Freixo de Espada à Cinta e Vimioso, evitando assim a necessidade de percorrerem uma distância maior até à capital de distrito.
“Esta consulta permite aos doentes terem os mesmos cuidados e o mesmo acompanhamento que teriam num contexto hospitalar próximo da sua área de residência. Atendendo às vantagens para a população, gostaríamos, na medida do possível, de poder vir a alargar esta consulta a outros concelhos mais afastados da cidade de Bragança”, sublinha a diretora do departamento de Medicina Interna da ULS do Nordeste, Eugénia Madureira.
Há nove meses a deslocar-se a Mogadouro, Andrei Gradinaru tem também constatado a satisfação dos utentes que recebe em consulta, que não escondem o alívio pelo facto de não terem de se deslocar a Bragança. “Nas consultas que realizava na Unidade Hospitalar de Bragança verificava que havia muitos doentes que faltavam por dificuldades associadas à deslocação. Muitos deles, devido à idade avançada e às comorbidades, necessitam de acompanhamento, o que também dificulta em deslocações mais longas. No Centro de Saúde de Mogadouro a taxa de frequência das consultas tem sido 100 por cento”, realça.
A articulação de cuidados, entre a área hospitalar e os Cuidados de Saúde Primários, permite igualmente aos utentes realizar os meios complementares de diagnóstico que necessitam, como por exemplo análises clínicas, próximo da sua área de residência.
“É, sem dúvida, uma mais-valia para os utentes, que manifestam a sua satisfação nas consultas com o seu médico de família. A nossa população é envelhecida e tem dificuldade em deslocar-se, pelo que esta consulta é muito importante para eles. E estamos, por isso, recetivos a receber consultas de outras especialidades que possam descentralizar a sua intervenção”, salienta a diretora do Centro de Saúde de Mogadouro, Maria José Cordeiro.
O projeto é também aplaudido pelos utentes. É o caso de Narciso Pires, de 81 anos, que é acompanhado na consulta de Medicina Interna, juntamente com a esposa, Isabel Martins.
“É muito mais fácil” e “económico”. “Estamos muito satisfeitos, porque não temos que fazer a viagem e aqui somos muito bem atendidos”, afirma Narciso Pires. “Para além do dinheiro que poupamos, porque aqui é mais perto, já temos dificuldades em nos deslocarmos. Até Bragança eram mais de 100 quilómetros. Chegávamos sempre muito cansados”, afirma Isabel Martins.
Também Irene Piçarro, de 63 anos, e o marido, Afonso Reis, de 69 anos, estão satisfeitos com o acompanhamento próximo de casa. “Para nós a deslocação era difícil e ficava caro. Termos aqui a consulta é muito bom. Estamos muito satisfeitos com o médico, que é muito disponível”, salienta.
Jornalista: Rita Teixeira
Foto: ULSNE