Esta terça-feira de Carnaval, Carrazeda de Ansiães voltou a dar palco à sátira e à irreverência com a tradicional explosão do Pai da Fartura. Num Carnaval que não se mede em números, mas sim em criatividade e ironia, a população reuniu-se para criticar, com humor afiado, a atualidade política, económica e social.
A festa começou ao início da tarde com o cortejo carnavalesco, onde 29 tratores com atrelados transformados em carros alegóricos desfilaram pela vila. Representando aldeias e associações locais, os participantes usaram o momento para apontar o dedo às políticas e acontecimentos que mais indignam a comunidade. Ao lado dos gigantones, cabeçudos e músicos, os Zíngaros de Carrazeda de Ansiães deram um tom ainda mais teatral ao evento.
Mas o ponto alto chegou ao início da noite, quando a figura simbólica do Pai da Fartura foi arrastada até ao Pelourinho para enfrentar o julgamento popular. Tentou justificar-se, manipulando a audiência com desculpas e promessas, mas a sentença já estava traçada: pena de morte. Sem apelo nem agravo, o Pai da Fartura foi condenado ao rebentamento. Entre o lamento das suas “viúvas” e o rufar dos tambores, a figura explodiu, encerrando com estrondo um ciclo de excessos e dando início ao período da Quaresma.
Organizado pela Câmara Municipal em parceria com os Zíngaros de Carrazeda de Ansiães, este Carnaval volta a afirmar-se como um dos mais autênticos da região, onde a crítica social se veste de festa e ninguém leva a mal.
Relembre o Pai da Fartura de 2024 AQUI.
Jornalista: Lara Torrado
Foto: Canal N / Arquivo