Dois diretores pediram a suspensão de mandato alegando falta de sintonia na estratégia de atuação do presidente, Vítor Borges.

Paulo Valbom, vice-presidente, e Paulo Loureiro, secretário, pediram, por carta, a suspensão do mandato na direção da Associação Comercial e Industrial de Mirandela (ACIM), até às próximas eleições, a realizar em outubro de 2021.

Paulo Valbom não quis prestar declarações sobre os motivos desta tomada de posição, remetendo-nos para o teor da carta dirigida ao presidente da direção. Na missiva, o vice-presidente da ACIM refere que a suspensão do mandato prende-se com o facto de não se enquadrar “nas atitudes e na falta delas do atual presidente”, lamentando ter de tomar esta posição, pois reconhece na restante equipa “capacidade de trabalho e muita vontade de elevar a associação, mas que está limitada à posição do presidente”, conclui.

Já Paulo Loureiro justifica a sua tomada de posição por razões de coerência. “Entrei neste desafio a convite do Paulo Valbom e com a sua saída não fazia sentido manter-me na direção sem aquele que me convidou e com quem partilhava a mesma ideologia”, refere na carta.

O presidente da direção da ACIM não quis prestar declarações gravadas sobre o assunto, por não querer alimentar polémicas e que tudo irá ser tratado internamente. Vítor Borges apenas diz respeitar estas decisões e que vai continuar a trabalhar para dignificar a associação até ao final do mandato.

Com estas duas saídas, restam apenas dois elementos da equipa eleita em dezembro de 2018, já que, logo no ano seguinte, Rui Cepeda e Frederico Teixeira pediram a demissão, tendo sido substituídos por outros dois elementos propostos em Assembleia-Geral.

Como agora se tratam de dois pedidos de suspensão, os estatutos da ACIM não permitem a sua substituição, pelo que a direção vai continuar em funções com apenas cinco elementos.

Vítor Borges sucedeu a Jorge Morais que esteve na presidência durante 17 anos, assumindo, na altura, que a prioridade do mandato passava pela liquidação das dívidas às instituições bancárias e aos fornecedores, que rondavam os 180 mil euros.

A pensar nisso, em abril de 2019, a direção da ACIM estabeleceu com a Câmara de Mirandela um contrato-programa que prevê a atribuição de cerca de 160 mil euros, até ao final do primeiro semestre de 2022, como contrapartida da realização de diversas atividades.

São 4470 euros mensais, durante 36 meses. O Município paga esta verba à ACIM, como forma de prestação de serviço na área do apoio ao empresário, investimento e empreendedorismo, na área do desenvolvimento turístico e na qualidade de entidade gestora da Alheira de Mirandela IGP.

Jornalista: Fernando Pires

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