A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) teve de devolver a Bruxelas cerca de meio milhão de euros, alegadamente, por não ter executado no prazo previsto, o projeto de alargamento do perímetro de rega da Barragem de Vale de Madeiro, em Mirandela, que tinha conseguido fundos da União Europeia para a sua execução.
A denúncia parte do presidente da Associação de Beneficiários do Perímetro de Rega de Vale de Madeiro. Emanuel Batista vai mais longe e diz ter conhecimento que a empreitada só não avançou por falta de entendimento entre entidades estatais. “A Direção Regional de Agricultura fez um projeto e foi aprovado, a rondar os 500 mil euros de investimento, e por uma desavença ou mau entendimento entre o Ministério da Agricultura o Ministério das Infraestruturas e provavelmente também o Município de Mirandela, não conseguiram entender-se e Vale Pereiro ficou sem a extensão do regadio. O dinheiro que já estava em caixa na direção regional já foi devolvido a Bruxelas por atraso.”, conta.
Emanuel Batista tece duras críticas às entidades envolvidas porque com a falta de entendimento acabaram por deitar por terra a possibilidade de alargar o perímetro de rega a mais beneficiários. Um deles com mais de 100 hectares de olival. “A DRAPN construiu o perímetro de rega e agora ficou bloqueada a extensão para Vila Nova das Patas com a auto estrada e não se conseguem entender. Era difícil passar por baixo da auto estrada com um tubo em ferro por forma a que no final da campanha até se retirava”, pergunta.
Emanuel Batista também deixa críticas à Ministra da Agricultura. “Que veio fazer a Mirandela a Ministra da Agricultura, há cerca de dois meses, criar um livro branco para o regadio de Trás-os-Montes quando ela não consegue gastar aquilo que já estava aprovado. Sorrisos, dispensamos. Queremos obra”, diz.
Há dez anos que a Associação de Regantes do Perímetro de Rega de Vale de Madeiro está a explorar esta barragem que rega olivais, hortas e forragens para animais de 243 beneficiários das freguesias de Mirandela e Carvalhais. No entanto, Emanuel Batista diz que esta é uma gestão precária porque alega não ter condições para criar estruturas para a sua manutenção porque também não tem garantias de que na próxima campanha passe para outra entidade.
Esta situação foi dada a conhecer a Luís Montenegro, esta terça-feira, durante mais uma visita integrada na iniciativa “Sentir Portugal” que o líder do PSD está a protagonizar no distrito de Bragança.
Montenegro diz que este é um claro exemplo da falta de investimento do Governo na agricultura. “São pequenas gotas da água do oceano do orçamento que não são executadas, neste caso concreto por incúria completa das autoridades públicas, ou seja um desleixo que coloca em causa a subsistência das atividades agrícolas e pecuárias. Estamos a falar de cerca de 500 mil euros de investimento que foi perdido porque não há liderança”, afirma
Para o líder do PSD esta falta de liderança que fala tem um rosto. “A ministra da Agricultura não tem autoridade no setor, não é respeitada, e com isso quem sofre são aqueles que no dia-a-dia vão investindo o seu esforço, o seu tempo, a sua dedicação para poder manter vivo aquilo que é essencial para o país que é a ocupação do território”, refere Montenegro.
Perante isto, o presidente do PSD lança um repto ao Governo. “Que olhe para este Portugal profundo, para estas pessoas que aqui vivem que têm os mesmos direitos, as mesmas obrigações, que também pagam impostos e no caso do interior a carga fiscal até é mais grave porque não havendo uma discriminação positiva é muito difícil haver aqui investimento e dessa forma é muito difícil fixar jovens e pessoas qualificadas e o território fica despovoado, envelhecido e sem futuro”, sublinha.
Jornalista: Fernando Pires