Foi com enorme preocupação que os familiares e os próprios doentes com insuficiência renal que são submetidos a tratamento de hemodiálise no centro renal de Mirandela receberam a notícia de que pode deixar de ser assegurado o tratamento, dado que a empresa TECSAM, com quem o estado tem o serviço convencionado, está com graves constrangimentos financeiros, devido a uma dívida das empresas estatais que já atinge os 4 milhões de euros.
“Já tivemos contactos de alguns familiares preocupados com a possibilidade de interrompermos aqui o tratamento de hemodiálise e pelo facto de a alternativa não ser a mais agradável, já que possivelmente só conseguiriam vaga no Porto”, revela Jorge Cruz, o diretor executivo da TECSAM.
Naturalmente, também os utentes ficaram surpreendidos e muito preocupados com o seu futuro. “Espero que isto não venha a fechar, porque se isso acontecer há tanta gente que fica em risco. O Governo tem de olhar por nós, por amor de Deus olhem por nós”, pede Judite Martins, que três vezes por semana se desloca do concelho de Vila Nova de Foz Côa para Mirandela.
Do mesmo concelho, vem há 14 anos Alzira Marçal que não vê outra alternativa se este centro renal de Mirandela deixar de fazer o tratamento. “É aqui que tenho de ficar porque estou muito contente com todos, com os médicos, enfermeiros e com todos os doentes, porque para mim já é uma família”, afirma a doente com insuficiência renal. “Sem isto já não posso viver”, acrescenta.
Também Marília Ruivo, do concelho de Macedo de Cavaleiros, entende que o centro de Mirandela é a melhor solução. “Para ir para o Porto fica muito longe”.
Preocupação generalizada nos doentes com insuficiência renal que fazem os seus tratamentos três vezes por semana no centro renal de Mirandela.
Entretanto, ao início da tarde, a Unidade Local de Saúde do Nordeste reagiu às declarações do diretor executivo da Tecsam que reclama daquele entidade que gere os hospitais e os centros de saúde do distrito de Bragança cerca de três milhões de euros em atraso.
Numa curta nota escrita, a administração da ULS Nordeste adianta que está “a desenvolver todos os esforços, em articulação com as entidades envolvidas, com vista à mais rápida regularização possível da situação em causa”.
Jornalista: Fernando Pires