A principal suspeita da operação “Gota d’Água” foi apanhada em centenas de escutas. A TVI teve acesso ao despacho de indiciação onde a diretora do Laboratório Regional de Trás-os-Montes, Toniette da Cruz, chegou a afirmar que se realmente ela estivesse sobre escuta ia para a cadeia, no dia 17 de outubro de 2023.

De acordo com a informação divulgada pela TVI, são centenas as escutas onde os arguidos da operação “Gota d’Água” falam sobre o esquema de adulteração de análises e resultados da água de consumo humano e de piscinas.

Na indiciação à qual a TVI e a CNN tiveram acesso estavam os relatórios das piscinas do Hotel Penaparque que davam conta de que poderia estar em causa graves infeções para as pessoas, à qual Toniette da Cruz respondeu, a 23 de julho de 2023, “Oh, não interessa (…) que morra toda a gente… oh, mas alguém morre?”.

Ainda numa das escutas a diretora falava com Luís Miguel Pinto, outro dos arguidos, e brinca com a situação referindo que “se temos o telefone sob escuta, vamos os dois para a cadeia”, ao qual ele responde “oh, oh, se eu for para a cadeia por causa disto então metade do País estava preso”.

No cerne da questão estava uma “queixa” de Luís Miguel Pinto à diretora do laboratório, porque a água enviada para análise tinha dado um alerta para incumprimento dos parâmetros. “Emito novos [relatórios] sem ninguém saber e elimino tudo do sistema (…) Antes de as amostras virem, eles que fervam a p*** da água”, respondeu Toniette da Cruz.

A diretora do laboratório encontra-se em prisão domiciliária depois de ter sido apanhada em conversas telefónicas com os funcionários da infraestrutura e com elementos das empresas municipais e entidades gestoras.

Segundo a Polícia Judiciária (PJ), os arguidos suspeitos foram alvo de escutas telefónicas durante meses pela PJ de Vila Real, sendo desta forma registadas algumas conversas que comprovam as contaminações.

Segundo uma fonte do Canal N, durante estas conversas telefónicas eram discutidos, entre alguns dos arguidos, os resultados de determinadas análises de água que não apresentavam os valores próprios para consumo. Optando então por adulterar os resultados finais.

Recorde-se que a operação incide sobre a atividade fraudulenta do LRTM responsável pela colheita e análise de águas destinadas ao consumo humano, águas residuais, águas balneares, piscinas, ribeiras, furos e poços, entre outros.

Jornalista: Lara Torrado

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