Um ano depois, está de volta a polémica em torno da instalação de um estaleiro para parqueamento, lavagem e desinfeção de cerca de uma dezena de camiões que fazem a recolha de lixo nos cinco Municípios da Terra Quente Transmontana: Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vila Flor.
Depois dos protestos no Cachão, em 2021, agora é a vez dos habitantes de Vila Nova das Patas também não aceitarem a possibilidade de instalação de uma unidade do género, naquela localidade às portas de Mirandela
Em maio de 2021, alguns moradores do Cachão, no concelho de Mirandela, foram para a rua protestar contra a intenção da empresa ACE Terra Quente Transmontana – a quem a Resíduos do Nordeste concessionou a recolha indiferenciada de resíduos urbanos – de instalar uma unidade para esse fim naquela aldeia da freguesia de Frechas.
Posteriormente, a própria presidente da câmara de Mirandela veio a público garantir que a unidade não seria instalada no local, mas antes no parque ambiental do Nordeste Transmontano, no lugar de Urjais, na confluência dos concelhos de Mirandela e Vila Flor, onde se encontram grande parte das infraestruturas afetas ao sistema de gestão de resíduos de todo o distrito de Bragança e do concelho de Vila Nova de Foz Coa.
O assunto parecia encerrado, mas eis que agora, um ano depois, surgiram rumores da possibilidade dessa unidade poder vir a instalar-se na freguesia de Carvalhais, mais concretamente, em Vila Nova das Patas, próxima de habitações.
Na última Assembleia Municipal, o presidente da junta de Carvalhais deu a conhecer o teor de um documento assinado por cerca de uma centena de habitantes daquela freguesia do concelho de Mirandela que manifestam o seu protesto contra essa possibilidade. “Foi um assunto que nos chegou através dos funcionários daquela empresa, de que estavam a preparar-se para instalar aquela unidade inicialmente para parqueamento e posteriormente para a lavagem dos camiões. A população fez questão de fazer um abaixo-assinado, com o meu conhecimento, para poder evitar esta solução, porque é revoltante que um ano depois volte este assunto”, lamenta Nélson Teixeira, revelando que a população está contra por temer “os maus cheiros, o ruído numa zona que se encontra a 50 metros de habitações”.
Confrontada com o tema, a presidente do Município deixa entender que a unidade não irá instalar-se em Vila Nova das Patas. “Trata-se de uma empresa que ganhou o concurso e que tem um caderno de encargos a cumprir com a Resíduos do Nordeste onde está previsto que possa vir a instalar uma unidade deste género, e anda à procura de espaços disponíveis. Houve de facto, um pedido de licenciamento para um armazém em Vila Nova das Patas, um local até mais distante para deslocação dos recursos humanos da empresa. Aquilo que preconizamos é que deveria avançar-se para uma solução definitiva no parque ambiental”, afirma Júlia Rodrigues.
No entanto, “esse investimento terá de ser feito pela Associação de Municípios da Terra Quente ou pelos próprios Municípios que são servidos por esta empresa e é isso que estamos a avaliar”, acrescenta a autarca que durante a sessão da Assembleia Municipal, da passada sexta-feira, chegou mesmo a avançar que esse investimento “rondaria os 300 mil euros”.
Entretanto, o abaixo-assinado seguiu para a administração da Resíduos do Nordeste, a empresa intermunicipal que gere o sistema de resíduos na região.
A empresa ACE (Agrupamento Complementar de Empresas) “Terra Quente Transmontana, a quem está concessionado o serviço de recolha indiferenciada de resíduos urbanos nos cinco concelhos da Terra Quente Transmontana, não quis prestar declarações sobre o assunto.
Jornalista: Fernando Pires
Foto: Arquivo