Mirandela na lista vermelha do risco de contágio da Covid-19 por ter mais 22 casos do que o teto máximo para o critério aplicado pelo Governo 

Freixo de Espada à Cinta no Top 12 dos concelhos com mais casos.1546 casos por 100 mil habitantes.

Quase uma semana depois de o Governo ter anunciado a inclusão de mais 77 concelhos no mapa de risco elevado de transmissão da infeção pelo novo coronavírus e que também passaram a estar abrangidos pelo recolher obrigatório, das 23 às 05 da manhã, durante a semana, e a partir das 13 horas, ao fim-de-semana, só agora é que Direção-Geral da Saúde divulgou os dados da incidência cumulativa a 14 dias, entre 28 de outubro e 10 de novembro, pelos quais o Governo se baseou.

O critério foi incluir no mapa todos os concelhos que tiveram mais de 240 casos por cada 100 mil habitantes durante esses 14 dias.

No distrito de Bragança, o concelho de Freixo de Espada à Cinta foi claramente o que teve mais casos, dentro desse critério, com 1546 casos por 100 mil habitantes, ou seja, quase sete vezes mais do que o patamar definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças como o de risco elevado de transmissão, que são os 240.

Foi mesmo o 12º concelho com números mais elevados do País e um dos 27 que ficaram acima do limiar dos mil casos.

Para melhor percebermos os números, cingimo-nos apenas aos números reais afetos à população de cada concelho. 

Freixo tinha como limite máximo permitido 8 casos em 14 dias e teve 52. Verificando agora, os restantes 11 concelhos do distrito de Bragança, segundo os números da DGS, o concelho de Mogadouro teve mais do triplo de casos que o limite máximo. Teve 70 casos novos em 14 dias, quando o máximo que podia ter para não entrar na lista vermelha era 21.

Torre de Moncorvo teve mais do dobro. O limite máximo estabelecido era de 19 casos, mas chegou aos 39 no período compreendido entre 28 de outubro e 10 de novembro.

Também mais do que o dobro, teve o concelho de Bragança. Segundo os dados da DGS, registou 171 casos quando só podia ter 81 para não continuar na lista vermelha.

Praticamente duas vezes mais casos do que os permitidos por este critério, tiveram os concelhos de Alfândega da Fé, em que o máximo era de 11 casos e teve 21, Macedo de Cavaleiros com 67 casos quando o limite máximo era de 35 e Miranda do Douro que teve 31 casos em 14 dias quando o limite era de 17.

Mirandela registou, em 14 dias, um total de 75 casos quando o limite para não ser incluído no mapa de risco era de 53.

Já os concelhos de Vila Flor e Carrazeda de Ansiães estiveram muito perto de não ser incluídos na lista vermelha. Ambos tiveram apenas mais 2 casos do que o limite máximo. Vila Flor tinha como patamar os 15 casos e acabou por contabilizar 17, enquanto Carrazeda de Ansiães só podia ter tido 14 casos, mas somou 16.

Finalmente, os únicos concelhos do distrito que não figuram na lista dos que têm regras mais restritivas, são Vinhais e Vimioso, que não ultrapassaram o teto máximo. Vinhais teve 15 casos acumulados em 14 dias, ficando a 4 de atingir o pico, enquanto Vimioso registou 8 casos em 14 dias, quando o máximo era de 10.

Os dados da incidência cumulativa por concelhos dos casos de Covid-19 divulgados pela DGS e sobre os quais o Governo se baseou para colocar 191 concelhos de Portugal em confinamento parcial sujeitos a medidas mais restritivas no combate à pandemia.

Novos critérios e restrições em análise

Está a ser avançado que o Governo pode estar a preparar a criação de três níveis de escalonamento nos concelhos com casos de Covid-19, e ajustar as medidas restritivas em função do grau de risco. 

Assim, só os concelhos com mais de 960 novos casos de Covid-19 (por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias) é que serão abrangidos por medidas como as que vigoram agora de recolher obrigatório a partir das 13 horas ao fim de semana.

Haverá depois um segundo escalão com medidas não tão restritivas nos concelhos que têm entre 480 e 960 novos casos.

E ainda um terceiro escalão com medidas ainda mais flexíveis para os concelhos que tenham entre os 240 e 480 casos de Covid-19.

Resta aguardar pelo anúncio do Governo que deverá acontecer nos próximos dias, quando se discutir um eventual novo estado de emergência para vigorar a partir da próxima terça-feira.

Jornalista: Fernando Pires 

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