Falta de disponibilidade de tempo para exercer funções após ter sido obrigado pelo executivo do Município a regressar a tempo inteiro ao seu posto de trabalho de assistente operacional terá sido uma das razões para tomar a decisão.
Edgar Trigo terá entregue, já na passada sexta-feira, uma carta ao presidente da direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mirandela a pedir a demissão das suas funções de comandante daquela corporação.
Apesar de nenhuma das partes (comandante e presidente da direção) confirmar ou desmentir este pedido de demissão, apuramos que o assunto ainda não tem uma decisão final, pelo que Edgar Trigo ainda se mantém em funções até que a direção liderada por Marcelo Lago encontre uma alternativa à eventual saída do atual comandante que está no cargo desde janeiro de 2013.
Na base deste pedido, para além de alguma tensão nas relações entre Edgar Trigo e alguns elementos do corpo ativo, estará ainda o facto do atual comandante não ter a mesma disponibilidade dos primeiros seis anos, já que, desde o início de 2019, deixou de estar a tempo inteiro ao serviço dos bombeiros, para regressar ao seu posto de trabalho, no Município, onde exerce as funções de assistente operacional.
Na altura, a presidente da câmara revelou que o Município tinha um acordo verbal para que Edgar Trigo estivesse 100 por cento alocada aos bombeiros. “Sendo um quadro do Município, estávamos a suportar um salário de alguém que não estávamos a usufruir, dado que estava apenas ao serviço dos bombeiros, pelo que lhe propusemos uma questão opcional. Caso quisesse permanecer nos bombeiros, teria de ser a direção a pagar-lhe o ordenado, ou então regressar ao município para fazer parte da proteção civil”, explicou Júlia Rodrigues, em Janeiro de 2019.
Na reação a esta decisão, Marcelo Lago considerou que Júlia Rodrigues foi infeliz. “Não deve haver na região um comandante com tanta formação e aqui ele estava ao serviço do Município, porque tinha delegação de poderes para resolver qualquer problema de imediato. É uma perda injustificável, porque estando aqui seria mais útil para a autarquia do que estar a fazer o serviço de escriturário”, afirmou, na altura, o presidente da direção dos bombeiros.
Para já ninguém, se mostrou disponível para prestar declarações sobre este pedido de demissão.
Edgar Trigo tem 47 anos, foi nomeado comandante, em janeiro de 2013, para substituir Carlos Ricardo que, na altura, pediu a demissão, alegando não ter condições para continuar no cargo depois de um abaixo-assinado, subscrito por 35 elementos do corpo ativo denunciando a existência de mau ambiente.
Jornalista: Fernando Pires