Eleitos pelo CDS renunciam ao mandato na Assembleia de Freguesia: “Não daria para os nossos elementos continuarem a trabalhar numa Assembleia de Freguesia liderada por alguém que foi traidor”, refere o líder da concelhia do CDS, José Mesquita. Sílvio Santos promete reagir ainda esta terça-feira.
A Concelhia do CDS de Mirandela está revoltada com a postura de Sílvio Santos, candidato do PSD à junta de freguesia de Mirandela, no processo de instalação do executivo daquela junta e da Assembleia de Freguesia.
Em comunicado, o CDS acusa Sílvio Santos de “desrespeitar” um acordo que o próprio terá proposto aos dois elementos do CDS, eleitos para aquela assembleia de freguesia, de não viabilizar um executivo que não integrasse pelo menos dois membros do PSD e um do CDS, dado que o PS venceu as eleições, mas sem maioria.
Os centristas sentiram-se “traídos” quando foi aprovada a proposta que integra apenas os membros do PS para o executivo, alegando que “a moeda de troca” foi eleger Sílvio Santos e mais dois elementos do PSD para a liderança da mesa da Assembleia de Freguesia.
CRÍTICAS
Nas eleições de 26 de Setembro, o PS, liderado por Luís Soares, ganhou a junta de freguesia de Mirandela, mas sem maioria, dado que conseguiu seis mandatos, enquanto a oposição junta obteve sete – o PSD elegeu cinco e o CDS dois.
José Mesquita, presidente da concelhia de Mirandela do CDS, garante que no dia seguinte às eleições, os dois eleitos do CDS, Vítor Ló e Bruno Morais, foram contactados pelo cabeça de lista do PSD, Sílvio Santos, a propor uma coligação na gestão dos destinos da freguesia, uma vez que o PS estava em minoria, ficando acordado que apenas seria aprovada uma lista para o executivo com a integração de 2 membros do PSD e um do CDS. “Os elementos do nosso partido, após consulta e aceitação da direção, decidiram aceitar o desafio, tendo em conta os legítimos interesses da freguesia e o respeito pelos milhares de eleitores que votaram nestas duas forças políticas”, refere o comunicado.
Na primeira tentativa de instalação da Assembleia de freguesia, a proposta do presidente de junta, Luís Soares, que só integrava vogais do PS, foi rejeitada, mas José Mesquita alega que já nessa altura o discurso de Sílvio Santos causou estranheza. “Nessa altura, ele reuniu cerca de uma hora com o presidente de junta e saiu de lá com um discurso e uma expressão totalmente diferente do que aquilo que tinha demonstrado antes”, refere o líder do CDS. “Aqui já era evidente que tinha uma decisão tomada, que hipocritamente ia camuflando”, adianta o comunicado.
Na semana passada, na segunda tentativa de instalação, foi aprovada a proposta apresentada pelo presidente de junta com mais 4 vogais, todos do PS, que, acredita José Mesquita, terá sido viabilizada pelo cabeça de lista do PSD. “Foi uma atitude lamentável, porque desrespeita não só os eleitores do PSD mas também um possível parceiro que ele tentou escolher para a resolução do seu problema. Ou seja, Sílvio Santos quer estar em todo o lado a todo o custo e vai conseguindo com estas manobras de diversão levar a água ao seu moinho”, acusa.
José Mesquita não tem dúvidas que esta cedência de Sílvio Santos foi uma espécie de “moeda de troca” para que o candidato do PSD pudesse ser eleito presidente da assembleia de freguesia. “Teve os seis votos do PS e 3 do PSD, precisamente os três que vão integrar a mesa da assembleia. Dos restantes dois membros do PSD, um votou contra e outro votou em branco, tal como os dois membros do CDS”.
Perante esta postura, os elementos do CDS decidiram renunciar ao mandato na Assembleia de Freguesia, “por não se reverem neste tipo de jogadas e interesses pessoais de quem tudo quer ser nesta cidade e que em nada tem a ver com os valores éticos e morais dos eleitos do CDS”, refere a nota.
José Mesquita vai mais longe nas acusações. “Não daria para os nossos elementos continuarem a trabalhar numa assembleia de freguesia liderada por alguém que foi um traidor durante essas reuniões”, finaliza o líder do CDS de Mirandela.
Entretanto, Sílvio Santos já conhece o teor destas acusações e remete, ainda para esta terça-feira, uma reação.
Refira-se que o novo presidente da junta de freguesia, Luís Soares, é o atual comandante dos bombeiros de Mirandela, e o novo presidente da mesa da assembleia de freguesia, Sílvio Santos, é o atual presidente da direção dos bombeiros voluntários de Mirandela.
Jornalista: Fernando Pires