A Câmara de Bragança vai resgatar a igreja de São Francisco, um monumento classificado – situado na zona histórica da cidade – arrematada num leilão por uma dívida a um empreiteiro, confirmou o presidente à agência Lusa.

Hernâni Dias explicou que o município tem direito de preferência na compra, por se tratar de um imóvel classificado, e logo que seja notificado do resultado do leilão irá exercer esse direito, cobrindo os valores das licitações vencedoras.

A autarquia irá pagar à volta de 417 mil euros para que não vá parar às mãos de privados este património emblemático na cidade de Bragança, o único pertencente à Ordem Secular Franciscana, uma organização de leigos com problemas financeiros conhecidos há cerca de 30 anos.

O valor engloba a igreja e o adro, que foram arrematados em leilão, na terça-feira, por cerca de 218 mil euros, por uma construtora da zona de Setúbal, a Pb- Sociedade Imobiliária Lda, e também a chamada casa do despacho, arrematada por 199 mil euros pela empresa da zona do Porto Magrei- Investimentos, Consultadoria, Participações e Gestão Imobiliária, Lda.

Os imóveis fazem parte do conjunto medieval, do século XIII, classificado como Monumento de Interesse Público, que integra também o Convento de São Francisco, mas este último tem lá instalado o Arquivo Distrital de Bragança e está na dependência direto do Estado.

As dívidas da Ordem Secular Franciscana de Bragança, que origininaram os leilões, remontam à década de 1990, época em que se iniciaram várias intervenções de restauro e outras obras, algumas financiadas com dinheiros públicos de programas ligados à Cultura e do município, com apoios a rondarem 1,5 milhões de euros.

O processo que deu origem ao leilão arrasta-se no tribunal de Bragança desde 2007 e as licitações começaram há mais de um mês, mas o caso só foi conhecido publicamente depois de noticiado pela Lusa, na segunda-feira.

O presidente da Câmara lamentou a situação e afirmou de imediato a disponibilidade do município que agora concretiza, clarificando que irá adquirir os imóveis, exercendo o direito de preferência.

A despesa não está prevista no orçamento municipal para 2022, porém o autarca salienta que se trata “de uma situação pontual, mas de interesse para o município”, e por isso será feito este esforço financeiro.

Hernâni Dias adiantou que a autarquia vai ficar com os imóveis e já tem “algumas ideias” para a valorização dos mesmos, que ainda não quis adiantar.

Salientou, no entanto, que esta é uma boa altura para pensar na reabilitação dos mesmos aproveitando as verbas do Portugal 2030.

Por: Lusa

Slider