Foi observada uma ave oriunda da América do Norte e rara em Portugal, no Vale do rio Tua, no dia 31 de janeiro. Este foi o primeiro registo do pato mergulhador apelidado de “caturro” (Aythya collaris) no distrito de Bragança, e um dos poucos no interior de Portugal a norte do rio Tejo, disse em comunicado o Parque Natural Vale do Tua.
Segundo a entidade “a observação aconteceu no rio Tua, nas proximidades da aldeia de Brunheda, no concelho de Carrazeda de Ansiães, foi feita por dois amigos, Rui Pereira e Nélson Domingos, este último formando da “Formação de Guias de Observação de Aves no Vale do Tua”, promovida pelo Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNTVT) e que está a ser ministrada pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural”.
A identificação da espécie foi confirmada pelos técnicos da Palombar e especialistas nacionais e o registo reportado ao Comité Português de Raridades da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves para homologação oficial da observação, concretiza.
“O curso tem estimulado todos os participantes a terem um olhar mais atento e foi essa atenção e o conhecimento já adquirido que permitiu a um formando perceber a raridade da espécie que observava” realça o PNTVT.
Segundo o Parque Natural a presença desta espécie no território nacional deve-se à realização de movimentos migratórios durante o inverno, “quando muitos indivíduos migram para escapar ao frio extremo, à queda de neve, ao congelamento de lagos e outras condições adversas, e terminam por chegar a Portugal e outros países europeus, devido à influência de diversos fatores meteorológicos e de movimentação de outras espécies”.
A “Formação de Guias de Observação de Aves no Vale do Tua”, integrada no projeto “Percursos de Birdwatching no Vale do Tua”, visa a criação de condições de suporte à visitação informada e ambientalmente consciente.
A formação decorre em vários concelhos abrangidos pelo PNRVT e tem como objetivo capacitar agentes locais das áreas do turismo, hotelaria, ecoturismo e conservação da natureza, para a identificação da avifauna da região, de forma a promover um maior conhecimento e valorização da biodiversidade do Vale do Tua e potenciar o desenvolvimento do território e a conservação do património natural regional.
Esta iniciativa que teve início em setembro de 2021 e termina em junho de 2022, vai contribuir para “promover o estudo e a monitorização de aves na região do Vale do Tua, aumentado a recolha de dados sobre a avifauna presente no PNRVT e, claro, sobre a raridade de algumas espécies, como é o caso”, conclui.
Caturro, que ave é esta? O Parque Natural Regional do Vale do Tua diz-nos.
É um pato mergulhador oriundo da América do Norte. O nome comum zarro-de-colar foi-lhe atribuído por ter uma mancha similar a um “colar” à volta do pescoço, nem sempre fácil de observar.
As fêmeas têm uma risca branca evidente na parte distal do bico, cabeça grande e angulosa, com o topo castanho contrastante com a face mais acinzentada, anel ocular branco e uma risca branca bem visível atrás dos olhos. O padrão de cores do corpo também é distinto dos zarros europeus, apresentando castanhos vibrantes nos flancos, no caso das fêmeas.
Já os machos possuem cabeça preta com reflexos roxos, dorso preto, flancos cinzentos e uma cor mais esbranquiçada na zona do peito. Alimenta-se sobretudo de sementes, caules e raízes de plantas aquáticas, mas também de insetos e moluscos. Reproduz-se em pântanos e lagoas de água doce, o seu habitat de eleição.
No inverno, ocorre no mesmo tipo de habitats, mas também em rios de caudal lento, como é o caso neste sector do rio Tua, e também em estuários costeiros. Normalmente, evita manchas de água salgada.
Jornalista: Sara Teixeira
Foto: Palombar