Por: José Pedro Ramos – Jornalista

Deve ou não haver respeito pela morte de alguém? Será preciso horas de diretos a mostrar um acidente trágico? É mesmo necessário comentar uma morte durante largas horas, mesmo depois da família pedir privacidade?

Não está aqui em causa se morreu a pessoa A ou B porque o que se passa é recorrente. Não tenho por hábito ver canais com grelhas trágicas. Faço isso porque sei que o jornalismo é dar a notícia com respeito por todos os intervenientes.

Depois do zapping habitual, deparei-me com um canal privado por cabo a transmitir durante largas horas uma morte na A1. Nestes diretos não foi respeitada a família, não foi respeitada a pessoa em causa, como também não foi respeitado o homem que seguia naquele veículo.

Tudo isto em nome do share…

Numa breve consulta pelos deveres do jornalista com carteira profissional observa-se que não foram respeitados os deveres da rejeição do sensacionalismo da notícia, a não recolha de imagens que atinjam a dignidade da pessoa e a não preservação da identidade das vítimas. E “A violação de qualquer dos deveres elencados nesta secção pode dar lugar a responsabilidade criminal ou civil, nos termos gerais do direito.” 

A notícia tem de ser dada mas também é verdade que o podemos fazer de forma correta e sem sensacionalismo. É o nosso dever, enquanto jornalistas, não cairmos na facilidade das audiências. Ainda há bons jornalistas em Portugal, e cabe a quem vê fazer a escolha certa do que é jornalismo isento e digno para o que é puro sensacionalismo. 

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