Artigo de opinião de Marisa Lages – Fisioterapeuta, Docente no Ensino Superior e Investigadora na área da Gestão
A Covid-19 é uma doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que representa um quadro clínico que varia de infeções assintomáticas a quadros respiratórios graves.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% dos pacientes podem ser assintomáticos e aproximadamente 20% dos casos pode necessitar de atendimento hospitalar por apresentarem problemas respiratórios e nesses casos, de acordo com o Ministério da Saúde, 5% podem necessitar de suporte de tratamento de insuficiência respiratória (suporte ventilatório).
Os sintomas mais comuns do coronavírus são: tosse, febre, coriza (doença catarral aguda da mucosa nasal, acompanhada de abundante corrimento mucoso ou mucopurulento), dor de garganta, perda de olfacto e paladar e uma dificuldade muito grande ao respirar, oriunda de uma inflamação nos pulmões, e que pode levar muito rapidamente as pessoas a entrar em falência respiratória.
Perante este quadro a fisioterapia possui um papel fundamental tanto no início do tratamento como durante a recuperação de um paciente que contraiu a COVID-19.
Caso se trate de um paciente que fique internado, uma intervenção multidisciplinar é de extrema importância e onde a atuação do fisioterapeuta é imprescindível.
O fisioterapeuta, nestes casos, atua com o intuito de prevenir e/ou tratar complicações pulmonares por meio de manobras e técnicas específicas – cinesioterapia respiratória (um conjunto de técnicas que podem ser preventivas ou curativas, e que têm como objetivo mobilizar secreções, melhorar a oxigenação do sangue, promover a reexpansão pulmonar, diminuir o trabalho respiratório, reeducar a função respiratória e prevenir complicações) e realiza a reabilitação motora com o intuito de reduzir incidências de agravamentos relacionados com a permanência nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), uma vez que cerca de 30% a 60% dos pacientes internados nestas Unidades desenvolvem fraqueza muscular generalizada devido ao prolongado estado de imobilidade.
Assim, a fisioterapia na reabilitação motora tem como objetivo otimizar as funções motoras do paciente, evitando contraturas, deformidades, atrofias musculares, maximizando a força muscular e a independência para as atividades da vida diária.
Após a alta hospitalar, o fisioterapeuta orienta os pacientes e familiares em relação à continuidade do tratamento, sobre hábitos de vida saudáveis e manutenção dos exercícios físicos regulares.
Mas será que a intervenção da fisioterapia se deverá limitar apenas ao paciente com COVID-19 que está internado?
Como se tem verificado, os idosos têm sofrido brutalmente com o impacto da pandemia da COVID-19, não só pela sua maior suscetibilidade às complicações causadas pelo vírus, mas também pelo maior número de comorbilidades que apresentam, e défices funcionais (p.e. funcionamentos dos órgãos e sistemas e reservas), fatores estes que têm um grande impacto no desenvolvimento e recuperação da doença.
Entre as principais áreas de atuação na saúde do idoso encontra-se a atividade física.
O exercício físico adequado e regular é particularmente importante neste grupo etário, uma vez que é um antagonista do envelhecimento e contribui para a manutenção da função locomotora no idoso.
No doente idoso em recuperação da COVID-19, podem desenvolver-se diferentes complicações decorrentes da doença e do internamento prolongado – cansaço, incapacidade física, perda de peso, de massa muscular e desenvolvimento de úlceras por pressão.
A intervenção da fisioterapia no idoso, quer tenha sido infetado ou não com COVID-19, torna-se crucial, no seu domicílio ou nos lares.
O fisioterapeuta deverá incluir estratégias em consonância com uma equipa multidisciplinar focadas no recondicionamento físico e respiratório, no tratamento da imobilidade e na sarcopenia (perda de massa muscular).
Torna-se imperativo criar na atual conjuntura programas/projetos de fisioterapia na comunidade idosa, mesmo que seja em formato de voluntariado.
Fica a sugestão!