Medidas de apoio ao interior, incluindo acessibilidades, emprego e educação, rejeitadas durante votação do OE 2025 na especialidade.
A coligação da Aliança Democrática (AD), composta pelo PSD, CDS e Chega, chumbou a proposta do Partido Socialista (PS) que visava a implementação de um conjunto de medidas para a promoção e valorização do interior do país. A proposta, discutida durante a votação na especialidade do Orçamento do Estado para 2025 (OE 2025), incluía melhorias nas acessibilidades, mobilidade, emprego, e no reforço de escolas e instituições de ensino superior.
Segundo o deputado socialista Nuno Fazenda, a decisão da AD reflete um retrocesso na promoção da coesão territorial: “Portugal é um país territorialmente muito desigual. O Interior não é uma prioridade no orçamento para 2025, não apresentando uma visão estratégica nem medidas estruturantes. Pior ainda, a AD chumbou a proposta do PS que daria continuidade ao Programa de Valorização do Interior, aprovado pelo anterior governo. Continuaremos a defender um Portugal inteiro, onde o Interior não é esquecido.”
A proposta do PS incluía instrumentos para a captação de investimento, valorização do património natural e histórico, e políticas de apoio ao emprego e à educação no interior, com reforço no financiamento de instituições de ensino superior e na mobilidade dos estudantes.
A deputada Ana Mendes Godinho também criticou a decisão: “A rejeição desta proposta deixa claro quem está ao lado da coesão territorial e do progresso do país. O PS continuará a lutar por medidas que promovam a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos.”
Na nota justificativa da proposta, o PS sublinhou que cerca de 70% da população e 85% da riqueza do país estão concentrados no litoral, gerando desigualdades que afetam as aspirações de vida e o capital humano do interior. O anterior governo investiu 6,6 mil milhões de euros no programa de valorização do interior, criando mais de 34 mil postos de trabalho.
Os socialistas apontaram ainda a falta de ambição no OE 2025, exemplificando com o Programa de Revitalização da Serra da Estrela, cujo orçamento foi drasticamente reduzido de 155 milhões para menos de 1,5 milhões de euros. “É uma prova clara da ausência de compromisso do governo com o interior”, concluíram.
Jornalista: Lara Torrado