Há águas residuais provenientes do matadouro e de outras fábricas do complexo do Cachão que “estão a correr a céu aberto sem qualquer tratamento e que vão diretamente para as águas do rio Tua, que provocam maus cheiros e potenciam o aparecimento de muitos insetos nas imediações”.
A denúncia parte do Presidente da Junta de Freguesia de Frechas e de alguns habitantes da aldeia do Cachão, anexa daquela freguesia. A última situação aconteceu, há cerca de uma semana, e foi chamada ao local uma brigada do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente) da GNR de Mirandela.
O presidente da junta nega que seja uma situação pontual, “ao contrário do que afirmou a presidente do Município de Mirandela, na última Assembleia Municipal”.
José Carlos Teixeira diz que esta “é uma situação recorrente que tem sido reportada ao Município”, mas até agora nada foi feito para resolver em definitivo este caso que o autarca entende que “pode representar um perigo para a saúde pública e ao ambiente porque o matadouro faz o abate de animais com brucelose e pode haver um surto de brucelose na população, sem esquecer o cheiro que é incomodativo, principalmente nesta altura do ano com a subida da temperatura e a diminuição do caudal da ribeira que fica ainda mais visível e incomoda”, conta.
Alguns populares dizem mesmo que “é impossível ter as janelas abertas” das suas casas nos dias em que são feitas as alegadas descargas devido ao cheiro nauseabundo que dizem ser insuportável. “Não posso estar no terraço nem em lado nenhum e não tenho grande saúde por causa dos cheiros. Estou farta disto”, garante uma moradora nas imediações da ribeira.
“Pensei que com a vinda destes novos administradores que isto iria resolver-se, mas afinal foram mais uns que vieram apenas assinar o ponto, porque nada foi feito. É um cheiro insuportável e as câmaras de Mirandela e de Vila Flor têm uma palavra a dizer, têm de ver o que está mal porque nós que vivemos aqui também temos direito de respirar o ar puro”, diz outra moradora do Cachão.
Populares e presidente da junta ressalvam que não pretendem que o matadouro ou outras fábricas fechem as portas. “Ao contrário do que senhora presidente da câmara de Mirandela quis mostrar na última assembleia municipal, não queremos que o matadouro deixe de funcionar, mas queremos que o matadouro crie condições para poder continuar a laborar sem prejudicar os moradores e nomeadamente os dois cafés que estão aqui perto do matadouro”, acrescenta José Carlos Teixeira.
Confrontada com as acusações, a administração da AIN, Agro-Industrial do Nordeste, que gere o complexo do Cachão e o matadouro, refere que após terem sido abordados pelas autoridades o assunto está “em fase de resolução”.
Recorde-se que os municípios de Mirandela e Vila Flor, partilham a gestão do matadouro que garantem há mais de uma década a viabilidade financeira, com 360 mil euros por ano
Este equipamento abate, anualmente, cerca de 20 mil animais e emprega 26 pessoas.
Jornalista: Fernando Pires