Na aldeia de Eixes, às portas da cidade de Mirandela, há moradores que se sentem fartos de esperar pela pavimentação de duas ruas que continuam em terra batida, há mais de 17 anos, e que causa grandes constrangimentos, com a lama no inverno e o pó no verão, para além do desgaste que causa às viaturas.
É o caso de Vítor Moreno que tem uma carpintaria no local, há 14 anos, que fala ainda da constante falta de água e de iluminação pública. “O que me preocupa mais é o pavimento. Tenho vergonha dos clientes virem aqui, já toda a gente se ri, isto é uma chacota autêntica”, diz.
“Depois vemos a junta de freguesia a levantar o paralelo do largo da aldeia para colocar tapete. Ou seja, quem estava servido com paralelo, passou a tapete, quem estava com terra batida continua na mesma. Isto é de uma junta rica, só não entendo porque não pavimentam, a minha”, refere.
Este habitante da aldeia que pertence à freguesia de Suçães diz que já existe a promessa de resolver esta situação, desde 2013, mas até agora nada aconteceu. “Estamos a falar de duas ruas que têm iluminação, pública não, mas tem cá os postes, tem saneamento básico, tem todas as infraestruturas, pelo que não entendo porque razão não pavimentam”, afirma.
Vítor Moreno diz que da presidente da junta de freguesia só tem tido como resposta que não existe verba para a colocação do paralelo nas ruas
Também Lenite Antão está muito insatisfeita com a situação. A familiar de uma mulher de nacionalidade colombiana que está a investir na reconstrução de uma vivenda naquele local da aldeia de Eixes relata as dificuldades que tem vivido nos últimos meses no acesso das viaturas com materiais de construção e pela constante falta de água. “Em tempo de chuva, os carros tiveram imensa dificuldade em descarregar as coisas e não há resposta das entidades. Não há água de manhã, só corre um fio e há noite quando o consumo se incrementa em Mirandela, aqui não há água”, conta.
Lenite Antão admite que a sua familiar já está arrependida deste investimento e não percebe como é possível, nos dias de hoje, que não sejam proporcionadas condições básicas para viver. “Gostamos muito da cultura portuguesa, de tudo de bom que vocês têm, mas quando verificamos que não há condições, acabamos por ficar tristes. A minha família já adiou a vinda por duas vezes, porque se no pico do verão não há água isso não se admite”, lamenta.
A CIR já confrontou a presidente da junta de freguesia de Suçães com este assunto, mas Luísa Deimãos remeteu declarações para mais tarde, após uma reunião com o executivo da Câmara de Mirandela de quem também aguardamos uma reação.
Jornalista: Fernando Pires