Nas últimas duas semanas, a pedido da junta de freguesia de Cedães, vários elementos de uma empresa de arqueologia e cerca de uma dezena de voluntários daquela freguesia do concelho de Mirandela realizaram escavações arqueológicas no Alto do Prado do Castelo, um local identitário da freguesia de Cedães que integra ainda as aldeias de Vila Verdinho e Vale de Lobo.
Um programa de trabalhos que procura contribuir para a salvaguarda das ruínas da Capela de Nossa Senhora do Cabeço, abandonada há cerca de 120 anos, e ainda do castro existente no local onde se verifica a presença de vestígios importantes de muralhas derrubadas e matérias de diferentes épocas, da Idade do Ferro à Idade Média, colocando-se mesmo a hipótese de existência de ocupações que remontem à Pré-história.
“Fizemos uma intervenção arqueológica na capela, que remonta, em termos documentais, ao século XVIII, mas é provável que a sua construção tenha começado no século XVII”, adianta o arqueólogo, José Carvalho.
“As referências documentais dizem-nos que o culto à Nossa Senhora do Cabeço foi feito até finais do século XIX e a partir daí ela cai em ruína e foi essa remoção do entulho que lá existia os trabalhos de arqueologia que lá fizemos”, refere.
O arqueólogo explica ainda os pormenores sobre o Castro do Alto do Prado do Castelo. “É típico de trás-os-montes que tem uma muralha elíptica e detetámos que teve uma população na idade do ferro, foi vivenciado ainda na época moderna e também temos vestígios de época medieval neste povoado”, acrescenta José Carvalho da “ERA Arqueologia” para quem este projeto é muito singular e importante: “emerge da comunidade local e é realizado com e para ela. Nas escavações participam mais de uma dezena de habitantes locais”, sublinha.
Estas escavações arqueológicas são o resultado de cerca de dois anos de trabalho preparatório, encetado pela Junta de Freguesia de Cedães junto da tutela. “É o ponto de partida para trazer aqui pessoas, fazer o restauro, tornar o espaço mais atrativo, porque, provavelmente, a nossa freguesia começou aqui neste monte e está aqui muito da nossa história para poder contar”, conta o autarca de Cedães.
“Pretendemos dar a conhecer um espaço de referência que estava soterrado há mais de 120 anos e que foi um ponto estratégico para as gentes desta terra, não só de vivência durante a ocupação romana, mas também um ponto de vigia”, sublinha António Martins.
O próximo passo para a preservação e a promoção deste centro identitário daquela freguesia passa agora por registar todo este trabalho e apresentá-lo novamente à tutela para ser avaliado. “Mediante esta avaliação, iremos ter a noção do que fazer, que poderá muito bem passar pela conservação deste local e relativamente à parte do castro continuar a aprofundar as sondagens e os trabalhos arqueológicos para perceber os vestígios que ainda ali podem estar e que possam retratar a nossa história”, conclui.
Até aqui este trabalho foi conseguido com fundos próprios da junta de freguesia e com o apoio de voluntários da população local.
No futuro, o autarca de Cedães está convicto que será possível encontrar parceiros públicos e privados.
Jornalista: Fernando Pires