Artigo escrito por José Artur Teixeira- Universidade Sénior do Rotary Clube de Mirandela

Tocavam os sinos da igreja 

Lá na minha aldeia 

Eram o relógio do povo 

Fosse velho ou novo 

Ninguém faltava ao chamamento 

Para o mais ansiado momento 

Era lá no largo do Terreiro 

Onde tudo acontecia primeiro 

Maravilhosas lembranças 

Da festa das crianças 

Pai ao lado da mãe babada 

E dos avós nem digo nada 

A faixa branca de cruz ao peito 

Era a marca do seu preito 

Então as catequistas 

Desejosas de dar nas vistas 

Mandavam e ajudavam 

As crianças, usassem ou não tranças 

Da mais tímida à mais reguila 

A formarem dupla fila 

Coitadinhas daquelas mãos pequeninas 

Há tanto tempo ocupadas 

Pelos presentes para o Deus Menino 

Começavam a estar cansadas 

Olha! Aquele ali da frente 

Sou eu todo imponente 

Repleto de amor e fé 

É que por obra do destino

O milagre aconteceu 

O pai do Deus Menino 

Era José como eu 

Enredado neste pensamento 

Até que chegou o momento 

Da procissão começar a andar 

Devagarinho, muito devagar 

Para quem como eu, tinha pressa de chegar 

Cantamos cânticos de louvor a Deus 

Para testemunharmos 

E lhe recordarmos 

Que também somos filhos seus 

Chegados à porta da Igreja 

Foi tão grande a ansiedade 

Que me apeteceu fazer uma maldade 

Num total desatino 

Era sair dali a correr 

Porque eu queria ser 

O primeiro a ver; o Deus Menino 

Foram só mais uns passos 

E sentidos desabafos 

Finalmente, até que enfim 

Eu a olhar só para Ele 

De tão embasbacado que fiquei 

Só depois me lembrei 

De qual era a minha missão 

Postei meus joelhos no chão 

E ali depositei 

O presente que Lhe levei 

Levantei-me irradiando alegria 

Vinda mesmo lá do fundo 

É que tinha ali na minha frente 

O Omnipotente 

Salvador do mundo 

Filho da Virgem Maria.

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