Artigo escrito por Carlos Novais- Universidade Sénior do Rotary Clube de Mirandela

1. 

Aprendi Natividade 

Com brinquedos de verdade 

Em casa da minha avó. 

Botinha na chaminé, 

O Presépio em rodapé 

Sem renas e sem trenó.

2.

Tempos de Natividade 

Dum Senhor que foi Menino 

(nasceu pobre, o pequenino) 

Desde novo, tenra idade, 

Foi servente carpinteiro 

E profeta a tempo inteiro. 

3.

Cada um escreve 

Histórias Sobre pedra com cinzel 

Ou, tinta sobre papel. 

Se guardadas em memórias, 

Dá lances de encantamento 

Ter memórias do momento.

4.

Com dois caixotes, o estrado 

Ficava logo montado 

Para se encobrir o chão. 

Eram musgos das paredes 

Mais pedrinhas sobre redes 

E os caminhos em cartão.

5.

Maria do Avô mandava, 

Em cortiça que sobrava, 

Variadas guarnições 

Para erguer uma choupana 

Num curral feito de cana 

E, dava ainda as instruções. 

6.

Pra forrar a manjedoura 

Cortavam-se com tesoura 

Uns tecidos de algodão. 

Avó Ana da Capela, 

Acrescentando flanela, 

Costurava tudo à mão! 

7.

Colocadas as palhinhas 

Ajeitadas e lisinhas, 

O primeiro, era o Menino 

A ser dada a posição 

De visita e adoração, 

Por ser o encômio Divino.

8.

Tínhamos Virgem Maria 

Reclinada e parecia, 

A modos que, ajoelhando; 

E José, com seu bordão 

Em trejeitos de oração, 

De olhar zeloso brilhando. 

9. 

E admiráveis figurinhas 

Deixadas por tia Marquinhas; 

Imponentes Magos Reis… 

Tinham caixas em madeira Guardadas na prateleira 

E embrulhados com papéis. 

10.

E a grande estrela luzente, 

Cada ano era diferente, 

Fabricada com retaços. 

Avó Ana costureira, 

Tricotava à maneira 

Uns paninhos e uns laços. 

11.

Minha avó sempre guardava 

Num lugar onde eu chegava, 

Burrinho com a vaquinha 

Pra qualquer hora do dia 

Ir brincar onde queria 

Na varanda que era minha.

12.

Pastores e cordeirinhos, 

Envoltos em papelinhos, 

Vinham dentro de caixinha 

Do outro lado da rua 

(pois a memória recua) 

Que a Maria do Avô tinha. 

13. 

E sem efeitos contrários 

Tinha adornos secundários. 

Lamparinas na cabana, 

Uns pinheirinhos bicudos, 

Alguns anjinhos papudos, 

Mais extras em porcelana. 

14.

Moinho à vela, isso tinha; 

O moleiro e a moleirinha 

E a seguir o cão de guarda. 

E mais bonecos diversos 

De figurantes dispersos 

E até, d’ambiência parda.

15.

Porque sim e porque não 

Tinha neve de algodão 

Por nevar na Ferradosa. 

Sem entender nada disso 

Assumia o compromisso 

De fazer obra vistosa. 

16.

Mostrava que ali acorria 

Tanta gente que sabia 

Ter nascido sua Graça 

Menino Deus Salvador 

Do Mundo, vindo em amor, 

Aclamado e sem negaça. 

17.

Eram semanas de festa 

Duma família modesta 

Celebrando Deus Menino. 

Num calor familiar 

Todos queriam montar 

Um Presépio genuíno. 

18.

Tia Maria do Avô? 

Foi aquela que me aparou 

E deste modo ajudou. 

Avó Ana da Capela, 

Foi costureira afamada 

E também minha advogada. 

Quanto à tia Marquinhas, 

Do Céu mandava recados 

Com Presépios aprovados. 

Dramatização possível 

Dum tempo que foi dourado 

E agora revisitado!

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