O Governo aumentou, monetariamente, o apoio que será dado aos agricultores. No que toca à apicultura, vai ser dada uma ajuda no valor de 20 milhões de euros.

À margem da quinta edição da ExpoMoncorvo, em Torre de Moncorvo, o secretário de estado da Agricultura, João Moura, referiu que o Governo está a desenhar um novo Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), de forma a conseguir apoiar, ainda mais, os agricultores.

“Na reprogramação do PEPAC aquilo que pudemos fazer, fizemo-lo, e introduzimos um valor acrescentado, principalmente para a recria, que foi aquilo que as associações de criadores nos tinham solicitando”, refere o secretário de estado da Agricultura.

No caso da apicultura, João Moura referiu que vai ser disponibilizado um apoio de 20 milhões de euros. “Relativamente aos apoios à apicultura esta reprogramação permite disponibilizar 20 milhões de euros para os apicultores” anuncia.

De acordo com o secretário de estado, através deste apoio será possível “incrementar esta produção, porque é uma forma de valorizar também o território” e justifica que “as abelhas na sua forma de estar, de conviver e de fazer e produzir o mel são ótimas para a biodiversidade, porque a polonização que praticam é boa para outras espécies de plantas e, portanto, é uma forma de também valorizar o território”.

FALTA DE APOIOS NA APICULTURA EM 2023

De relembrar que, no ano passado, vários apicultores transmontanos queixaram-se devido à falta de apoios por parte do Governo.

À data, o descontentamento foi avançado pelo presidente da Cooperativa dos Produtores de Mel da Terra Quente e dos Frutos Secos. José Domingos Carneiro referiu que não “há qualquer tipo de apoio à produção” e que está a tornar-se “insustentável o apicultor manter a atividade”.

Segundo o presidente da cooperativa, os apicultores já têm necessidade de colocar na atividade o rendimento de anos transatos. Mas remata que “não há ninguém que continue a atividade com prejuízos”.

“Por isso sentimos necessidade de contactar o município, explicar o nosso problema. Foi criado um grupo de trabalho e chegou-se a um acordo, onde seria definido um determinado montante por colmeia, para pessoas com residência no concelho, com apiários”, explicou.

2022 FOI O PIOR ANO DE SEMPRE NA APICULTURA

As alterações climáticas, a seca, os incêndios e a crise económica foram as causas apontadas para esta situação delicada que o setor atravessou.

Na altura, e em declarações ao Canal N, José Domingos Carneiro, presidente da Cooperativa dos Produtores de Mel da Terra Quente e dos Frutos Secos, não tinha dúvidas que nos cerca de 40 anos que está ligado ao setor da apicultura, 2022 foi o ano mais fraco de sempre de produção de mel na região com quebras entre os 80 e os 90 por cento. “Acho que batemos no fundo, porque este ano (à data 2022) houve apicultores que tiveram meio quilo de produção por colmeia. A média anda nos três, quatro quilos, quando num ano normal chega a ser de 20 quilos por colmeia”, conta.

A Associação de Apicultores do Nordeste abrange cerca de 500 produtores de mel com um total de cerca de 50 mil colmeias de vários concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real e até de Vila Nova de Foz Coa, já no distrito da Guarda, José Carneiro revelou que esta quebra de produção, que vem acontecendo nos últimos três anos, já levou à diminuição de mais de duas mil colmeias. “Alguns abandonam, outros diminuem os efetivos e como há menos abelhas, menos colmeias a produção também é menor”, frisa.

Se já não bastasse o problema dos incêndios, também a seca veio a agravar situação porque afetou a floração e com isso ficou comprometida a sobrevivência das abelhas uma vez que ficaram sem alimento.

Perante este cenário, o presidente da Associação dos Apicultores do Nordeste queixou-se da falta de apoios por parte do Governo.

Jornalista: Lara Torrado

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