A Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes cresce para quatro concelhos e terá obras de mais de 150 artistas. A segunda edição da iniciativa reforça o formato híbrido, combinando exposições com eventos complementares diversificados de forma a envolver ainda mais a comunidade da região, sendo eles artistas ou público em geral.

Zulmiro de Carvalho, Javier Tudela, Kiran Katara, Isabel Sabino, Beatriz Cunha, Cabral Pinto, Cláudia Amândi, Susana Piteira, Fabrizio Matos, Joana Rego, Luís Fortunato e Isaque Pinheiro e Moisés Tomé serão apenas alguns dos mais de 150 artistas plásticos com obras em destaque na 2.ª edição da “Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes – Linha de Água”. Sob organização da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, expandirá este ano o raio de ação a mais três municípios da região, de 18 de maio a 30 de novembro de 2024.

Além do Centro Cultural, do Museu de Arte Sacra, do Welcome Center do Azibo e do Mercado Municipal de Macedo de Cavaleiros, a iniciativa cultural chegará ao Lagar d’EI Rei, em Alfândega da Fé, ao Centro Cultural Solar dos Condes de Vinhais, em Vinhais, e ao Convento S. Filipe Neri, em Freixo de Espada à Cinta.

“Reflexos Artísticos: Macedo de Cavaleiros em Diálogo com Linha de Água” é o tema da componente expositiva maior da bienal, que verá este ano reforçado o formato híbrido que transporta desde a génese. Contemplará eventos com entrevistas presenciais a artistas, visitas guiadas e performances diversificadas, envolvendo a comunidade da região, criadores e público em geral.

Formação de professores, capacitação de mediadores, oficinas em escolas e noutros espaços educativos, interações entre residências artísticas e comunidades locais são exemplos dos projetos pedagógicos e ações no terreno que constam do programa, com o intuito de espelhar as identidades e as culturas dos diferentes territórios e das suas gentes. Na agenda estão ainda um seminário dedicado à arte e educação, bem como debates e workshops sobre as culturas, as artes e os patrimónios da memória e identidade, a fim de propiciar debates profundos e enriquecedores.

“Trata-se de um projeto verdadeiramente marcante e inovador, em particular em Trás-os-Montes, mas também no panorama nacional. A bienal, que acolhe inúmeras obras de artistas consagrados, procura estimular a discussão sobre várias questões sociais, culturais e ambientais num território UNESCO, que abrange um Geopark Mundial, uma Reserva da Biosfera e um Património Imaterial da Humanidade. A qualidade e a originalidade das propostas artísticas a apresentar este ano refletem uma abordagem moderna, ousada e transformadora, em perfeita sintonia com o meio ambiente e a sustentabilidade, que são igualmente motes desta segunda edição”, enfatiza Benjamim Rodrigues, presidente do Município de Macedo de Cavaleiros.

A apresentação oficial da 2.ª edição da Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes decorreu na última semana, no Porto, no Salão Nobre do Clube Fenianos Portuenses. E perante representantes da rede de parcerias do evento (entre elas aSociedade Portuguesa de Belas Artes, a Fundação Bienal de Cerveira, Museu do Douro e o Laboratório de Artes na Montanha – Graça Morais), elementos do conselho científico e equipa de curadores, comunidade artística, membros de diversas instituições públicas e apreciadores de arte foram apresentadas as linhas de força da bienal, num momento que, além de um momento musical, foi aproveitado para exibir um filme de contextualização.

O ensejo permitiu conhecer alguns dos projetos especialmente significativos, não apenas pela sua atenção e compromisso para com o meio ambiente e a sustentabilidade, mas também pela pertinência na escolha dos materiais utilizados e temas em destaque…

• Na exposição Arte pelo Território, a curadora Ágata Rodrigues proporá uma abordagem que irá ao encontro da interligação entre o Homem e a Natureza. A exposição não destacará apenas a simbiose entre a natureza e o território de Trás-os-Montes, mas proporcionará uma reflexão profunda sobre essa ligação intrínseca, onde se destacará Armando Alves, José Maia e Elizabeth Leite;

• Jaime Silva, que celebra 50 anos de carreira, surgirá com uma aproximação aporética à arte contemporânea, com propostas artísticas de Ana Wever, Ana Lima Netto, Carlota Mantel e Amado Harris, que se destacam pela versatilidade, espiritualidade e fragilidade;

• Agarrar a Água, com curadoria de António Meireles, tomará como eixo concetual a valorização da água e das pessoas, e dos modos como lidam com ela, para focar atenção na relação entre artistas e a comunidade das aldeias que circundam a Albufeira do Azibo; estas instalações são expostas nas mesmas aldeias, permitindo que a comunidade tenha um acesso direto às obras para cuja criação foram estímulo;

• Arte Rio Acima, por sua vez, sob a curadoria de Guilherme Fonseca, destacar-se-á como um projeto-linha que procurará construir pontes entre o litoral e o interior. Com três abordagens diferentes na arte contemporânea – ilustração, vitral e têxtil – e uma premissa central de sustentabilidade, o projeto visará seguir o curso da arte, sem sentido definido, mas com todos os sentidos possíveis, assim como as linhas de água que espalharam civilizações. Dos artistas convidados, Ilídio Fontes, Ângelo Ribeiro, Luís Silva e Afonso Pinhão Ferreira;

• O projeto A Linha e seus Semelhantes, com curadoria de José Manuel Barbosa, A presente exposição encontra similitudes na Linha que separa dois planos distintos – o que está fora ou dentro, o que é imediatamente dado a ver ou escondido por um véu translúcido; no entanto, ao invés de separar, ela anuncia-se mutável e inquieta pela própria localização que repousa no espaço e no tempo; artistas como Jorge Abade, Jiôn Kiim, Isaque Pinheiro e Leonel Cunha

• A bienal estender-se-á, ainda, à Land Art de Miguel Moreira e Silva, utilizando recursos naturais e propondo uma obra efémera que reflete sobre a limpeza florestal e o retorno à terra. A equipa proposta para o desenvolvimento do projeto é notável, com artistas residentes como Miguel Neves Oliveira, Cláudia Pinheiro, Luís Silva e Nogueira de Barros;

• “Representar a Identidade de um Lugar Transmontano”, de Luís Rodrigues, pretenderá concretizar uma escultura, que será um elemento com o qual os visitantes poderão interagir, aos mesmo tempo em que se aprecia os trabalhos dos diferentes artistas, em simultâneo. Tratar-se-á de uma escultura em forma prismática, feita com acrílicos espelhados, com as faces interiores e as faces exteriores em espelho, perfuradas com círculos – com a função de janela – e que poderá girar num sentido rotativo.

• A curadoria de Natália Fauvrelle, por sua vez, fará a ponte com o artista homenageado da 2.ª edição da Bienal de Arte Contemporânea de Trás-os-Montes, Jaime Silva com as obras doadas ao Museu do Douro;

• O evento trará também O Poder do Objeto, com novos olhares da FBAC – À Liberdade de Jorge da Costa;

• As residências artísticasoficinas e masterclasses promoverão, durante a bienal, uma rica interação com as comunidades locais, valorizando o património natural e cultural. Exemplificado pela transformação de troncos de madeira em esculturas em “Terra-Mãe” e na proposta de “Trazer o mar ao Azibo“, o impacto positivo no território será evidente, fortalecendo a parceria estabelecida.

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