São números para refletir, numa altura em que está prestes a arrancar a campanha para as eleições legislativas de 10 de março.
O distrito de Bragança teve mais de 11 mil votos desaproveitados nas legislativas de 2022, dado que não serviram para eleger qualquer deputado, e perto de 72 mil eleitores não foram sequer votar, o que representou uma abstenção superior a 52%.
Apesar de nas campanhas eleitorais ser comum ouvir falar na escolha do primeiro-ministro, na verdade as eleições legislativas não servem para escolher o governo nem quem o vai chefiar.
Nas legislativas escolhem-se os deputados de cada círculo eleitoral que vão representar os eleitores na Assembleia da República e que tem o poder para legislar.
O distrito de Bragança vai eleger três. No entanto, em cada círculo eleitoral, o maior número de votos necessários para eleger é quase diretamente inverso ao número de votos “desaproveitados”, ou seja, votos que não vão ter consequência porque não elegem qualquer deputado.
Exemplificando: nas Legislativas de 2022, a percentagem de votos “desperdiçados” no distrito de Bragança foi de 17,7%, ou seja 11 384 votos não serviram para eleger nenhum dos três deputados eleitos. Em 2019, essa percentagem ainda foi maior, 18%, o que representou 11 508 votos desperdiçados.
Já ao nível da abstenção, em 2022, no distrito de Bragança, dos 137 572 inscritos, votaram 65 742, o equivalente a 47,8%. A abstenção foi de 52,2%, ou seja, não foram às urnas 71 830 eleitores inscritos.
Nas legislativas de 2019, dos 141 541 eleitores inscritos, votaram 63 354 (44,9%), com a abstenção a ser de 55,1%, não votaram 78 187 eleitores.
Se compararmos, com as eleições autárquicas de 2021, no distrito de Bragança, votaram 85 274 (61,6%) – quase mais 20 mil eleitores (19 532) do que nas legislativas de 2022 – enquanto a abstenção foi substancialmente mais baixa do que nas legislativas, situou-se nos 38,4%, não votaram 53 164 eleitores.
Jornalista: Fernando Pires