A Associação dos Bombeiros Voluntários de Mirandela tem um prejuízo mensal de cinco mil euros com as viaturas do Instituto Nacional de Emergência Médica, instaladas no quartel da corporação.
A revelação é do presidente da direção daquela associação, que considera desastroso o protocolo assinado, em outubro de 2021, entre a Liga dos Bombeiros Portugueses e o INEM sobre os valores atribuídos às corporações para subsidiar a atividade pré-hospitalar no âmbito do sistema integrado de emergência médica.
Sílvio Santos afirma, sem rodeios, que o protocolo “é escandaloso” para os bombeiros. “As associações humanitárias têm as viaturas INEM instaladas nos seus quartéis, simplesmente pela responsabilidade social que têm para com as populações, porque financeiramente são caóticos”, adianta.
O presidente da direção dos bombeiros de Mirandela fala num prejuízo mensal a rondar os cinco mil euros. “O INEM atribui mensalmente uma verba fixa à nossa associação de 4890 euros. Faturamos mensalmente ao INEM, uma média de 7000 euros, o que totaliza cerca de 12000 euros. Se considerarmos que para garantir o serviço 24 horas por dia, em duas viaturas, temos de ter, no mínimo, dez trabalhadores efetivos para o efeito, não é difícil perceber que todos os meses temos prejuízo, porque ainda temos de suportar os custos com combustível, pneus, reparações e consumíveis diários”, explica.
Sílvio Santos entende que com este protocolo o Estado, através do INEM, “está a lesar as associações” e pode mesmo “colocar em causa a qualidade na prestação de serviços”.
Para o presidente da corporação, o Estado está a valer-se da responsabilidade social que os bombeiros têm para com as populações e dessa forma ser um entrave a possíveis formas de luta das corporações. “A vontade que dá é de parar, mas nenhuma direção tem coragem para mandar o INEM embora, pela responsabilidade social que têm”, assume.
Recorde-se que este protocolo foi assinado pelo ex-presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares.
O atual líder, António Nunes, já manifestou publicamente, em diversos fóruns, a necessidade de haver um reajustamento das verbas atribuídas às corporações de bombeiros no âmbito do sistema integrado de emergência médica.
Artigo escrito por Fernando Pires (jornalista)