Passados oito anos, continua sem entrar nos carris a implementação do plano de mobilidade do Tua, como contrapartida pela construção da barragem de Foz-Tua, existindo rumores de que o operador privado (empresa liderada por Mário Ferreira) já tenha desistido do processo.
Até ao momento, o empresário não confirmou nem desmentiu esse cenário, mas há indicações que pretende entregar o material circulante (comboio e barco) à Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua.
Ora, Luís Almeida, presidente da Associação Vale D’Ouro, deixa uma sugestão para resolver este imbróglio de uma forma célere: “O que está em causa é uma questão de licenças, não só pela questão da infraestrutura, mas também por garantia de condições de segurança, o que implica que o operador tenha de ter uma determinada estrutura técnica de suporte à operação, que não é fácil criar de raiz nem é barata, mas essa estrutura está criada tanto na Infraestruturas de Portugal, como na CP”, diz.
Além disso, a CP “dispõe de comboios e material circulante que, com maior ou menor esforço, poderá colocar, a muito curto prazo aqui, pelo que a opção natural, estando esse equipamento na posse do Estado e de uma empresa do Estado, porque não convidar a CP se poderia explorar, nem que fosse numa perspetiva turística, uma vez que a linha foi recuperada e com a estação de Mirandela recentemente modernizada, estão criadas as condições para que possa ter aqui pelo menos uma oferta turística”, refere o presidente da Associação Vale D’Ouro, defendendo que a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua deve convidar a CP para explorar a linha ferroviária do Tua entre Mirandela e Brunheda.
O líder da Associação que apresentou, há um ano, um estudo que prevê construir um corredor transmontano de ligação ferroviária de alta velocidade entre o Porto e Madrid, em Espanha, com várias estações e apeadeiros nos distritos de Bragança e Vila Real, para incluir no plano nacional ferroviário, considera ainda que a linha do Tua não inviabiliza a implementação do plano de mobilidade do Vale do Tua, entre Brunheda e Mirandela. “As vias estreitas ficaram paradas no tempo por decisões que não motivaram a sua recuperação e modernização, e estavam com tempos de viagem muito maus, porque uma ligação de Mirandela ao Tua demorava duas horas e de Mirandela ao Porto demorava cerca de cinco horas”, recorda.
Mas, “isto não quer dizer que a linha não possa ter interesse regional para mobilidade local, como em tempos até o Metro de Mirandela fez essa função, como também para efeitos turísticos: Aliás o próprio Plano Ferroviário Nacional prevê um cenário muito semelhante a este para a ligação entre Vila Real e o Peso da Régua, o mesmo pode acontecer em Mirandela”, defende Luís Almeida.
Neste aspeto, “colocar uma oferta turística no Vale do Tua nas condições em que a linha está hoje é totalmente independente da linha de alta velocidade de Trás-os-Montes. No futuro, o ideal seria que pudéssemos, de alguma forma, articular e quem sabe fomentar aqui alguns tráfegos mais locais do concelho de Mirandela e dos concelhos limítrofes”,
Jornalista: Fernando Pires