Artigo de Opinião de Marisa Lages – Fisioterapeuta, Docente no Ensino Superior e Investigadora
A educação é a base para a excelência em qualquer profissão, e a fisioterapia não é exceção. À medida que o mundo enfrenta mudanças significativas na tecnologia, nas necessidades de saúde da população e nas abordagens terapêuticas, a docência em fisioterapia também deverá evoluir.
A profissão de fisioterapeuta é amplamente reconhecida pelo seu papel no tratamento e na reabilitação de pacientes, mas há um aspeto igualmente importante e muitas vezes subestimado da profissão: o fisioterapeuta como educador. A capacidade de transmitir conhecimentos e habilidades é fundamental para o avanço da fisioterapia, e as competências pedagógicas dos fisioterapeutas desempenham um papel vital na formação da próxima geração de profissionais de saúde.
Muitas vezes, os fisioterapeutas encontram-se em papéis de docência, seja nas escolas de fisioterapia, hospitais ou programas de treino clínico. No entanto, a importância das competências pedagógicas muitas vezes é subestimada, indunzindo a uma falta de investimento e reconhecimento nessa área. As competências pedagógicas dos fisioterapeutas são cruciais para garantir que os futuros profissionais de saúde sejam bem preparados para atender aos tratamentos clínicos em constante evolução. Isso inclui a capacidade de transmitir conceitos complexos de maneira clara, desenvolver estratégias de ensino inovadoras e adaptar o ensino para diferentes estilos de aprendizagem. A formação de fisioterapeutas vai muito além de ministrar “palestras”. Ela envolve a orientação prática, a prática clínica e o desenvolvimento de habilidades clínicas. Os fisioterapeutas educadores desempenham um papel fundamental nessa formação, fornecendo orientação individualizada e feedback construtivo aos alunos. As competências pedagógicas não apenas capacitam os alunos a adquirir conhecimento, mas também promovem o pensamento crítico e habilidades na resolução de problemas. Isso é essencial, já que os futuros fisioterapeutas precisam de ser capazes de tomar decisões clínicas informadas e adaptar os seus tratamentos às necessidades dos pacientes. No entanto, as competências pedagógicas não são inatas e exigem treino e desenvolvimento contínuos. A integração de práticas inovadoras na formação de fisioterapeutas é crucial para preparar profissionais para os desafios do futuro. Uma das práticas inovadoras na docência em fisioterapia é a adoção de abordagens de ensino interativo e baseado em problemas. Isso envolve a criação de cenários do mundo real para os alunos resolverem, incentivando o pensamento crítico e a aplicação prática do conhecimento. A aprendizagem ativa, por meio de simulações e estudos de caso, permite que os estudantes experimentem desafios clínicos antes de entrarem na prática real.
A tecnologia desempenha um papel vital na inovação em educação. A utilização de recursos digitais, como simulações virtuais, realidade aumentada e plataformas de ensino on-line, pode melhorar a experiência de aprendizagem dos estudantes e proporcionar-lhes um maior acesso a informações atualizadas. Além disso, a telemedicina e a telesaúde são áreas que devem ser exploradas para ensinar os alunos a fornecer serviços de fisioterapia de forma remota. Outra prática inovadora é a promoção da aprendizagem interprofissional. A colaboração entre fisioterapeutas e outros profissionais de saúde é essencial na prática clínica. Portanto, as instituições de ensino deverão criar oportunidades para que os alunos interajam com estudantes de outras áreas da saúde, como medicina, enfermagem e terapia ocupacional, para desenvolver habilidades de trabalho em equipa e compreensão interprofissional. A educação baseada em competências é outra abordagem inovadora. Em vez do foco ser apenas no conhecimento teórico, os programas de fisioterapia deverão centrar-se nas competências práticas que os alunos precisam adquirir para atender aos padrões da sua atuação no paciente. Isso ajuda a garantir que os fisioterapeutas recém-formados estejam prontos para enfrentar os desafios da prática clínica. A educação contínua também é essencial. A rápida evolução da pesquisa e das práticas clínicas requer que os professores e alunos estejam sempre atualizados.
A promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida e o estímulo à pesquisa na área são práticas inovadoras que podem elevar o nível de ensino da fisioterapia.
Em conclusão, as práticas inovadoras na docência em fisioterapia são essenciais para preparar profissionais que possam atender às necessidades de saúde em constante mudança da população. Ao se adotarem abordagens de ensino interativo, utilizando a tecnologia, promovendo a aprendizagem interprofissional e enfatizando a educação baseada em competências, as instituições de ensino podem garantir que os futuros fisioterapeutas estejam bem preparados para enfrentar os desafios do cenário de saúde do século XXI.